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Governo da Itália comemora decisão sobre deportação do ex-ativista italiano Cesare Battisti

O governo e a polícia da Itália comemoram a decisão da Justiça brasileira de ordenar a deportação de Cesare Battisti. Mas não negam que a medida possa ser uma tentativa de o Brasil fazer um gesto para a Itália e, assim, conseguir que o governo de Mateo Renzi aceite a extradição de Henrique Pizzolato ao País. Oficialmente, nem o gabinete de Renzi e nem o Ministério da Justiça da Itália comentaram a decisão brasileira. Mas, na alta cúpula do governo, a decisão foi recebida "com muita satisfação". "Sempre houve uma grande surpresa na Itália em relação à decisão do Brasil de não extraditar Battisti. Agora, acho que as coisas começam a entrar em seu lugar", declarou um alto membro do governo de Renzi, na condição de anonimato. Nos corredores em Roma, a decisão também foi tomada com um tom de ironia. "Antes, nossa Justiça na Itália não era confiável.

Agora que o Brasil quer Pizzolato, a avaliação é outra?", questionou o alto funcionário do governo. Henrique Pizzolato foi condenado a doze anos e sets meses de prisão no Brasil por conta do caso do mensalão. O ex-diretor do Banco do Brasil fugiu para a Itália e, depois de um processo que durou um ano e meio, a Corte de Cassação de Roma optou por sua extradição ao Brasil. Uma decisão final, porém, cabe ao governo de Renzi e deve ser tomada em abril. Por enquanto, o Ministério da Justiça da Itália sequer recebeu a ordem de extradição do Judiciário. Mas uma reviravolta no caso de Battisti terá certamente um impacto, segundo membros do governo ouvidos pelo Estado. Entre a polícia italiana, a percepção era já em fevereiro de que a decisão da Corte italiana poderia abrir caminho para uma nova postura por parte do Brasil. "Estamos muito satisfeitos", declarou Francesco Falica, chefe da Direção Central da Polícia Criminal italiana e vice-representante da Interpol no país.

"Essa era a nossa esperança", disse. No Brasil, a Justiça Federal determinou que o ex-ativista italiano Cesare Battisti, condenado na Itália por assassinato, seja deportado. Em janeiro de 2009, governo brasileiro concedeu status de refugiado político ao italiano. Em seu último dia de mandato, Lula recusou o pedido da extradição feito pela Itália.

Membro do grupo Proletários Armados para o Comunismo, Battisti foi condenado à prisão perpétua na Itália por envolvimento em quatro assassinatos na década de 1970. A Associação Italiana de Vítimas do Terrorismo também defendeu que a entrega de Pizzolato fosse condicionada a uma "troca" com Battisti. "Um ato de reciprocidade na extradição deve ser absolutamente necessário", declarou Luca Guglielminetti, diretor internacional da entidade. "O caso Battisti ainda não está encerrado. Não apenas para as vítimas do terrorismo na Itália, mas para toda a opinião pública italiana", disse o diretor. A própria defesa de Pizzolato, em fevereiro na Corte em Roma, usou o argumento de que o Brasil não extraditou Battisti como forma de tentar convencer os juízes de que a Itália não poderia colaborar com o Brasil se Brasília sequer havia atendido a esse pedido.

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