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CASO CESARE BATTISTI: Filhos de vítimas acompanham o caso

Parentes de vítimas dos crimes pelos quais o ex-militante de esquerda Cesare Battisti é condenado na Itália acompanham com "cautela" o andamento do processo do italiano, cujo pedido de extradição foi aprovado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e encaminhado para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a quem caberá a decisão final.

O filho de Antonio Santoro, Alessandro, declarou à ANSA que confia na Justiça brasileira, mas esclareceu que o processo do ex-membro do grupo Proletários Armados pelo Comunismo (PAC), envolve duas questões no Brasil — a jurídica e a política.

"A decisão definitiva será de natureza política, porque está nas mãos do presidente Lula. O tribunal [STF] decidiu juridicamente, mas delegou a Lula a decisão porque, evidentemente, para a corte brasileira trata-se ainda de uma questão política", considerou o italiano, ao se pronunciar sobre o veredicto anunciado ontem pelo Supremo.
 

Battisti foi condenado à prisão perpétua na Itália por quatro assassinatos cometidos na década de 1970, quando integrava o PAC. Uma das vítimas fatais do grupo foi Santoro, morto em 6 de junho de 1978.
 

Ele era carcereiro de uma penitenciária. Alessandro disse ainda ter "cautela" sobre o parecer final do Brasil, devido ao que "aconteceu na França, um país europeu, vizinho, que deveria conhecer muito bem a história italiana".

Em Paris, onde passou parte do período em que esteve foragido, Battisti foi beneficiado pela "Doutrina Mitterrand", do ex-presidente François Mitterrand, em 1990.

A decisão foi revertida em 2004 pelo governo do então presidente Jacques Chirac. Desde então, o ex-ativista italiano está no Brasil, onde foi preso em 2007 e em janeiro deste ano recebeu o status de refugiado político do ministro da Justiça, Tarso Genro.

"A história tomou um aspecto fantasmagórico, uma dimensão verdadeiramente enorme, com uma distância de 30 anos dos fatos", destacou o filho do carcereiro.

Também o filho do joalheiro Pierluigi Torregiani, Alberto, disse esperar a decisão com "cautela". Hoje, ao ser consultado sobre o tema, Alberto afirmou que o italiano "não é um troféu. O seu retorno à Itália é requerido, simplesmente, para que ele cumpra a prisão perpétua em uma penitenciária italiana, é um ato de justiça".

"Não se pode haver justiça se os criminosos como Battisti permanecem impunes", continuou o filho de Torregiani, que também foi alvo da ação cometida pelo PAC, quando tinha 12 anos, e teve parte do corpo paralisado.

Após outras duas audiências, o STF aprovou por cinco votos a quatro o pedido do governo italiano para que Battisti seja enviado a esse país.

Depois do pronunciamento do presidente da casa, Gilmar Mendes, que desempatou o placar, os ministros votaram sobre o parecer de Lula.

Na nova discussão, a máxima instância do Judiciário decidiu que sua posição é autorizativa, o que indica que será o presidente da República quem dará a palavra final sobre o caso.

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