Notícias

Caso de italiano morto no Cairo ganha novas versões

A investigação sobre a morte do estudante italiano Giulio Regeni, 28 anos, no Egito ganhou novos detalhes e podem mostrar que o governo egípcio sabia de detalhes sobre a vida do pesquisador.    

 

Segundo o jornal "La Repubblica", um grupo de amigos muito próximos à Regeni foi interrogado antes mesmo de saber da morte do pesquisador, que estava desaparecido há cerca de 10 dias.    

 

"Convocaram-me para fazer 'algumas perguntas' e me interrogaram em seis ou sete. Não havia advogados. Começaram a me pedir sobre Giulio, sobre seus estudos, suas relações além da namorada atual, se fazia uso de substâncias proibidas", contou o amigo identificado apenas como "F" pela publicação. Segundo essa fonte, ele só soube da morte do amigo depois de falar com os policiais egípcios.    

 

A postura dos policiais contradiz as versões anteriores do governo local, de que a Embaixada italiana foi rapidamente avisada da morte do jovem – quando, de fato, isso demorou horas para ocorrer.    

 

Ainda de acordo com o periódico, a polícia de El Dokki, cidade onde morava, foi ao apartamento do estudante no final de dezembro, mas não o encontrou – outro dado que os egípcios sempre negaram.    

 

O colega ainda afirmou que, em um evento de sindicalistas no dia 11 de dezembro, "Giulio percebeu que havia sido fotografado por uma mulher egípcia com um celular e achou estranho, conversamos por muito tempo e achamos que poderiam ser informantes das forças de segurança".    

 

O jornal "The New York Times" já havia informado que a morte de Regeni poderia ter sido um "erro" do governo do Egito, que o teria confundido com um espião. A Chancelaria local informou que a notícia "não era real".    

 

O "La Repubblica" ainda entrevistou o procurador-adjunto de Gizé, Hassam Nassar, que está conduzindo as investigações por parte do Egito. Para ele, houve erro de informações no quesito da tortura do especialista. Segundo Nassar, o italiano morreu "não muito antes das 24 horas precedentes à localização do corpo, na manhã do dia 3 de fevereiro".    

 

Inicialmente, a morte do pesquisador era tida como crime comum, mas aos poucos começou a ganhar contornos de assassinato político, colocando à prova as boas relações entre Itália e Egito. Regeni estava no Cairo para uma tese acadêmica sobre a economia local e sindicatos independentes, mas também contribuía com o jornal comunista "Il Manifesto". Antes de sumir, ele chegou a enviar um artigo – publicado após sua morte -, pedindo para o diário usar um pseudônimo. Além disso, pessoas próximas ao italiano alegaram que ele estava com "medo", ainda mais depois de ter sido fotografado em uma assembleia sindical no Egito. A suspeita é que a polícia o tenha confundido com um espião, uma vez que ele participava ativamente da vida dessas entidades independentes. O corpo do pesquisador de 28 anos foi encontrado com sinais de tortura, incluindo as duas orelhas mutiladas e duas unhas arrancadas.

 

Pais de Regeni são recebidos por Mattarella: O governo da Itália informou que o presidente Sergio Mattarella recebeu os pais de Giulio, Paola e Claudio, nesta quarta-feira no palácio Quirinale.

Mostrar mais

Artigos relacionados

Fechar

Adblock detectado

Por favor, considere apoiar-nos, desativando o seu bloqueador de anúncios