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Funeral de soldados italianos mortos no Afeganistão reúne milhares em Roma

Milhares de pessoas lotaram as ruas de Roma para o funeral de Estado nesta segunda-feira em homenagem a seis soldados italianos mortos na semana passada por um suicida no Afeganistão, ao mesmo tempo que crescem os apelos no país para a retirada das tropas do território afegão.

 

As perdas do atentado de quinta-feira foram as piores sofridas pelos italianos no Afeganistão, o que reacendeu o debate sobre a missão da Itália naquele país e levou a um importante aliado do governo a pedir que todos os soldados sejam enviados de volta até o Natal.

 

Filho de um dos soldados mortos chora no caixão do pai"Nós os mandamos para lá e eles voltaram mortos," disse Umberto Bossi, líder do partido Liga Norte, um aliado minoritário no governo conservador, quando chegava ao funeral.

 

Os italianos enfrentaram a chuva para acenar com bandeiras e aplaudir quando o cortejo do funeral atravessou Roma. Algumas lojas baixaram as portas em sinal de respeito.

 

Alguns choravam abertamente enquanto os caixões cobertos com a bandeira italiana eram levados à basílica de São Paulo para a cerimônia do funeral, que foi brevemente interrompido por um homem que apanhou o microfone do altar e gritou "Paz Agora! Paz Agora!."

 

Autoridades governamentais, incluindo o primeiro-ministro Silvio Berlusconi e o presidente Giorgio Napolitano, compareceram à missa, realizada na mesma igreja da cerimônia para 19 soldados italianos mortos em Nassiriya, no Iraque, em 2003.

 

Mesmo antes do ataque da semana passada, uma pesquisa já mostrava que 58 por cento dos italianos queriam que as tropas voltassem para o país e 40 por cento acreditavam que a missão tinha se transformado em uma "operação de guerra."

 

Berlusconi disse que a Itália planeja uma "forte redução" em seu contingente de 3.100 militares no Afeganistão, mas não está estudando promover uma retirada unilateral. No entanto, ele está sob crescente pressão de aliados, como Bossi, além da oposição de centro-esquerda.

 

"Nós precisamos iniciar um debate no Parlamento, para discutir isto com seriedade," disse Antonio Di Pietro, líder do partido oposicionista Itália dos Valores.

 

"Há uma guerra lá, e não paz. Não podemos ir lá e fazer as pessoas pensarem que estamos distribuindo doces e chocolates," disse ele.

 

A cerimônia -transmitida ao vivo pelas principais redes de TV- começou com um telegrama do papa Bento 16 expressando sua "profunda tristeza" e incluiu uma leitura por um soldado italiano em cadeira de rodas, ao lado do filho de um dos soldados mortos.

 

O tributo terminou com jatos sobrevoando a área enquanto as viúvas deixavam a igreja acompanhadas por militares.

Escritórios, escolas e a bolsa de valores de Milão observaram um minuto de silêncio em honra dos soldados.

 

Fotos do filho de dois anos de um dos soldados mortos, usando a boina vermelha dele, foram capa dos principais jornais italianos desta segunda-feira, que relatavam que o garoto havia dito: "Adeus papai," na recepção dos caixões na chegada a Roma, no domingo.

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