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Itália e China assinam memorando sobre “Nova Rota da Seda”

Itália e China assinaram em Roma, um memorando de entendimento sobre a chamada “Nova Rota da Seda”, megaprojeto do país asiático que levará investimentos trilionários em infraestrutura e comunicações a dezenas de nações do mundo.

O pacto foi firmado em uma cerimônia com o primeiro-ministro italiano, Giuseppe Conte, e o presidente chinês, Xi Jinping, que está em visita oficial à península. Com isso, a Itália se tornou o primeiro membro do G7 e a maior economia da União Europeia a aderir à “Belt and Road Initiative” (“Iniciativa do Cinturão e Rota”, em tradução livre).

O ambicioso projeto de soft power foi lançado por Xi em 2013 e prevê ao menos US$ 1 trilhão em investimentos chineses nos setores de infraestrutura e comunicações, inspirando-se nas antigas rotas comerciais da seda que ligavam o Oriente ao Ocidente.

“Itália e China devem construir melhores relações, que já são muito boas”, disse Conte, durante o encontro com o presidente na Villa Madama, palácio situado nos subúrbios de Roma.

Representantes dos dois países assinaram, ao todo, 29 acordos, sendo 19 deles ministeriais e 10 entre empresas.

O número de tratados previstos inicialmente era de 50, mas as preocupações dos Estados Unidos e da União Europeia com a penetração chinesa na economia italiana acabaram reduzindo a quantidade, especialmente no setor de telecomunicações – o acordo sobre 5G acabou de fora das tratativas.

Os acordos – Um dos pactos firmados prevê o fim da dupla tributação de produtos que circulam entre os dois países. Outro estabelece uma parceria entre a empreiteira estatal China Communications Construction Company (CCCC) e o Porto de Trieste, que deve se tornar o principal vetor da “Rota da Seda” na Itália.

O memorando de entendimento inclui a modernização de infraestruturas ferroviárias em uma grande área na capital de Friuli Veneza Giulia e a melhoria das conexões do Porto de Trieste com o centro e o leste da Europa. Outro acordo, também com a CCCC, prevê o aumento das docas do Porto de Gênova.

A “Nova Rota da Seda” é vista como um plano de longo prazo de Pequim para fazer frente à hegemonia dos Estados Unidos e garantir robustos índices de crescimento econômico pelos próximos anos. A Itália, por sua vez, busca maneiras de reaquecer sua economia, que está em recessão técnica, por meio de investimentos em infraestrutura e do incentivo à exportação do “made in Italy” ao maior mercado do mundo.

Divisões – O apoio à BRI é capitaneado sobretudo pelo ministro do Desenvolvimento Econômico e vice-premier Luigi Di Maio, líder do partido antissistema Movimento 5 Estrelas (M5S) e que já fez duas visitas oficiais à China.

O outro vice-primeiro-ministro da Itália, Matteo Salvini, também chefe do Interior e secretário da ultranacionalista Liga, vê o projeto com mais cautela e não participou de nenhum dos eventos com Xi em Roma.

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