Notícias

Itália tenta por “panos quentes” em crise com a França

Membros do governo italiano tentaram colocar panos quentes na crise diplomática com a França, após Paris ter convocado seu embaixador em Roma, Christian Masset, para consultas, algo que não acontecia desde 1940, na Segunda Guerra Mundial.

A medida foi uma retaliação do governo francês aos recorrentes ataques proferidos por expoentes do governo da Itália, mas a gota d’água foi a reunião do vice-primeiro-ministro Luigi Di Maio, líder do antissistema Movimento 5 Estrelas (M5S), com Christophe Chalençon, expoente dos “coletes amarelos” e que já defendeu um golpe militar contra o presidente Emmanuel Macron.

“A relação entre Itália e França tem raízes antigas de ordem cultural e econômica e não pode ser colocada em discussão”, disse o primeiro-ministro italiano, Giuseppe Conte, pouco antes de encerrar uma visita a Beirute, no Líbano.

Segundo o chefe de governo, Di Maio se encontrou com Chalençon como líder do M5S, e não como vice-premier. O ministro das Relações Exteriores Enzo Moavero também seguiu a linha da moderação.

“O debate sobre seus respectivos interesses, bem como o debate político para as próximas eleições para o Parlamento Europeu, não podem incidir sobre as sólidas relações que nos unem há décadas”, declarou o chanceler.

A França não convocava seu embaixador em Roma desde 1940, quando o então Reino de Itália declarou guerra ao país.

Vice-premiers – Até mesmo Di Maio resolveu moderar o tom nesta quinta-feira (7) e afirmou que o povo francês é “amigo e aliado” dos italianos. “Macron se posicionou várias vezes contra nós por motivos políticos, mas isso nunca prejudicou o sentimento de amizade que liga nossos países. Estamos disponíveis a encontros de mais alto nível para buscar soluções”, escreveu no Facebook.

O também vice-primeiro-ministro Matteo Salvini, da ultranacionalista Liga e que certa vez acusou Macron de “se exceder no champanhe”, disse estar “muito disponível” a se reunir com o presidente para discutir o bloqueio de migrantes na fronteira entre os dois países, a extradição de “terroristas” italianos e o fim dos controles contra trabalhadores pendulares.

“Estamos prontos e disponíveis, com espírito construtivo, a virar a página, pelo bem de nossos cidadãos”, declarou no Twitter.

Entenda – A crise diplomática acontece no âmbito da crescente batalha retórica movida pela Itália, que busca criar um antagonismo com a França dentro da União Europeia, em vista das eleições para renovar o Parlamento do bloco, entre 23 e 26 de maio.

A expectativa de Salvini é capitanear um crescimento inédito de forças ultranacionalistas dentro da UE, aliando-se à francesa Marine Le Pen e a outros movimentos de extrema direita na Europa.

Macron, por sua vez, acaba de assinar com a Alemanha um tratado de claro viés europeísta e depende de um bom desempenho de seu partido em maio para se fortalecer internamente e em Bruxelas – principalmente em função da aposentadoria de Angela Merkel, prevista para 2021.

Além de Salvini, o presidente da França tem sido alvo da retórica inflamada de Di Maio, que o acusou de provocar a crise migratória no Mediterrâneo ao “explorar” a África. Os dois vice-primeiros-ministros também já demonstraram apoio explícito ao movimento dos “coletes amarelos”, que tenta derrubar Macron.

Mostrar mais

Artigos relacionados

Fechar

Adblock detectado

Por favor, considere apoiar-nos, desativando o seu bloqueador de anúncios