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Lula propõe na Itália uma nova ordem econômica mais humana

ROMA,(AFP) – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu a criação de uma "nova ordem" econômica mundial que dê prioridade ao ser humano e não à especulação financeira, depois de ser recebido nesta segunda-feira em Roma pelo presidente da República Italiana, Giorgio Napolitano.

"A atual crise financeira constitui uma extraordinária oportunidade para que possamos refletir sobre os erros e para criar uma nova ordem mundial na qual o ser humano, o trabalhador, o desenvolvimento e a produção cultural, científica e tecnológica sejam o verdadeiro motivo da economia e não a especulação financeira", afirmou Lula após a reunião no Palácio de Quirinale, sede da presidência.

 

O presidente do Brasil iniciou nesta segunda-feira uma visita oficial de três dias à Itália, durante a qual será recebido na terça-feira pelo chefe de Governo Silvio Berlusconi, assim como pelos presidentes do Senado e da Câmara de Representantes, Renato Schifani e Gianfranco Fini, respectivamente.

A grave crise econômica mundial e a necessidade de atuar de modo coordenado ante a tempestade financeira global serão os temas chaves da agenda de Lula na Itália.

Antes de viajar a Roma, o presidente brasileiro inaugurou no sábado em São Paulo a reunião de ministros do G20, integrado por países desenvolvidos e emergentes, sobre a reforma do sistema financeiro. A meta era preparar a agenda para a reunião de cúpula de Washington deste grupo de nações em Washington, no dia 15 de novembro.

A economia será abordada sobretudo com Berlusconi, que apóia a ampliação do G8 (o grupo de sete países mais ricos do planeta, além da Rússia) a partir de janeiro de 2009, para que grandes países com economias emergentes, como Brasil, Índia, China e México, sejam incluídos.

"Tenho certeza de que um país como o Brasil pode dar uma contribuição significativa à elaboração de políticas coordenadas e incisivas a nível internacional", declarou Napolitano.

O presidente italiano, cuja função tem caráter simbólico, reconheceu que os dois países mantêm "excelentes" relações, assim como "afinidade" de visões sobre "temas internacionais, econômicos, políticos e culturais".

"Em vista da reunião de cúpula do G20 de Washington, concordamos que é necessário dar ao problema da estabilidade dos mercados uma solução compartilhada", declarou Napolitano.

Lula se dirigiu ao presidente com um "querido companheiro Napolitano" por sua militância de anos no Partido Comunista Italiano. Também destacou "os laços humanos" que unem os dois países, já que o Brasil tem uma população de quase 30 milhões de oriundos italianos.

"Acredito que os governantes devem entender que é preciso ouvir menos os analistas de mercado e mais os analistas das questões sociais, de desenvolvimento, aqueles que conhecem o ser humano", comentou Lula.

Os dois presidentes se apresentaram juntos à imprensa e se trataram de maneira afável.

Como um gesto de particular simpatia, o presidente brasileiro, que viaja ao lado da esposa Marisa Letícia, ficará hospedado por dois dias na sede da presidência, um imponente palácio renascentista que foi sede pontifícia e residência oficial dos reis da Itália.

Lula será recebido na manhã de quarta-feira no Vaticano em uma audiência privada com o Papa Bento XVI. Uma delegação de ministros brasileiros se reunirá paralelamente com o número dois do Vaticano, o cardeal Tarcisio Bertone.

Durante sua visita, Lula deve se reunir também com representantes dos sindicatos e a patronal italianos.

Encerrada a visita à Itália, Lula viajará para os Estados Unidos para participar, no próximo sábado, da cúpula do G20, que reunirá as nações industrializadas e emergentes que concentram 80% do Produto Interno Bruto (PIB) mundial para analisar a atual crise financeira.

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