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Suicídio de Monicelli reabre debate sobre a eutanásia na Itália

A morte do cineasta Mario Monicelli, que se suicidou ao jogar-se da janela de um hospital em Roma, gerou discussões intensas na Câmara dos Deputados, onde os parlamentares realizavam uma homenagem ao "pai da comédia" italiana. 

Walter Veltroni, ex-prefeito de Roma e ex-candidato ao cargo de premier pela centro-esquerda, deu início aos debates ao iniciar seu pronunciamento. 

O político considerou que Monicelli era um "artista anti-retórico e coerente", o que ficou comprovado em seu "último ato da vida". 

"Mario viveu e não se deixou viver, assim como não se deixou morrer", enfatizou Veltroni, referindo-se ao fato de o diretor cinematográfico ter preferido lançar-se do quinto andar do hospital San Giovanni de Roma, onde estava internado com câncer terminal na próstata. 

Aproveitando a ocasião, a deputada radical Rita Bernardini ressaltou, por sua vez, que a morte de Monicelli deveria fazer com que o Parlamento "refletisse sobre o modo pelo qual algumas pessoas, que não conseguem seguir em frente, se veem obrigadas a deixar suas vidas, ao invés de morrerem ao lado de seus entes queridos".

A parlamentar fez, assim, uma referência mais clara à eutanásia, que é proibida pela legislação italiana e que fez com que as discussões esquentassem na sede do Legislativo. 

Ao comentar o tema, a democrata-cristã Paola Binetti pediu o "fim dos avisos em favor da interrupção da vida, partindo do caso de homens desesperados, porque Monicelli havia sido deixado pela família e pelos amigos, e o seu foi um gesto de enorme solidão, não de liberdade".

Em outro momento, o presidente da República italiana, Giorgio Napolitano, que mais cedo visitou a câmara ardente com os restos mortais do diretor, considerou que "Monicelli se foi com uma última e forte manifestação de sua personalidade, uma vontade que devemos respeitar".

Mario Monicelli nasceu no dia 15 de maio de 1915, na cidade de Viarregio, na Itália. Ele iniciou sua carreira como cineasta em 1934, quando dirigiu o curta-metragem "Cuore Rivelatore". 

A partir de 1953, atuando na direção sozinho, tornou-se um mestre de um gênero de comédia, pontuando em seus filmes problemas da sociedade da época. 

Ele dirigiu mais de 60 longas-metragens e escreveu mais de 80 roteiros. Entre outros, venceu o Leão de Ouro de 1959, a máxima premiação do Festival Internacional de Veneza, com seu filme "A Grande Guerra". (ANSA)

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