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Giuseppe Conte ameaça deixar M5S fora do governo se não houver “clareza”

O ex-premiê da Itália e líder do Movimento 5 Estrelas (M5S) Giuseppe Conte disse que, se o governo de Mario Draghi não for claro em relação as suas exigências, o partido abandonará a coalizão de união nacional.

“Sem respostas claras e se não for garantido o respeito, o M5S não poderá compartilhar uma responsabilidade direta do governo. Nos sentiremos livres, serenos, ainda mais responsável para votar e participar, tendo em vista a próxima ação do governo, no que for necessário ao país, sem qualquer contrapartida política”, disse ele em uma transmissão ao vivo no Facebook.

Na semana passada, Conte chegou a apresentar uma lista de demandas a Draghi e disse que daria tempo para o premiê avaliar os pedidos, mas poucos dias depois endureceu o discurso novamente, encaminhando a ruptura na coalizão.

Entre outras coisas, o M5S pedia a manutenção da renda de cidadania, espécie de bolsa família da Itália, o fim do envio de ajudas militares à Ucrânia, a instituição do salário mínimo e a redução da carga tributária.

Logo após, o partido antissistema da Itália boicotou a votação de um pacote de ajudar financeiras contra a inflação no Senado motivado por um artigo do decreto-lei que permite a construção de uma usina de energia de resíduos em Roma, projeto ao qual o movimento populista sempre se opôs por considerá-lo nocivo ao meio ambiente.

Segundo Conte, o M5S, “com coerência e linearidade”, não votou o decreto e “Draghi tirou as consequências que sentiu”. “Estávamos confiantes de que ele poderia optar por um caminho diferente”, mas o boicote “não era no sentido de um voto contra a confiança, mas um comunicado para Draghi ver que nossa linearidade estava entendida como um elemento de ruptura”.

“Nossa não participação foi concebida como um elemento de quebra do pacto de confiança. Reconhecemos isso”, enfatizou Conte, afirmando que a decisão tomada foi também uma “reação a atitudes que beiraram a humilhação política”.

O ex-premiê italiano explicou ainda que o M5S está desconfortável, tem sofrido “chantagem” e não está disposto “a trair o pacto feito com as gerações futuras”. Ele ressaltou que não quer puxar Draghi “pelo paletó, mas não poderá compartilhar nenhuma responsabilidade do governo se não houver indicação concreta sobre a perspectiva de resolver as questões colocadas”.

Desta forma, “com espírito construtivo, convidamos Draghi para discutir as prioridades que expressam nosso desconforto político e as formas de superar a emergência econômica e social”, acrescentou Conte na live.

De acordo com ele, “a resposta ainda não foi recebida, houve alguma abertura genérica sobre algumas das emergências relatadas, mas não teve indicações concretas”.

A ruptura com o M5S é resultado de divergências mais profundas e da longa crise interna vivida pelo partido antissistema, que surgiu em 2009 com uma proposta de democracia direta e de furar a polarização esquerda direita.

No entanto, assumir a responsabilidade de derrubar o governo de união nacional em um cenário de tamanha incerteza pode ser mais um golpe na popularidade do M5S. Por outro lado, aliados de Conte acreditam que essa é a única forma de fazer o partido recuperar parte do apoio e reafirmar sua identidade.

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