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MUSEUS DO VATICANO: Capela Sistina está em alerta por “contaminação turística”

Antonio Paolucci, diretor dos Museus Vaticanos, lançou o alarme sobre o estado dos afrescos de Michelangelo na Capela Sistina, pela poluição provocada pelo grande fluxo de turistas, que a visitam todos os dias.

"O problema deste lugar mítico, visitado diariamente por milhares de pessoas, é representado pela excessiva pressão antrópica (impacto causado pela ação do homem), que exige correções, com compensações ambientais proporcionalmente eficazes; pelo controle climático já inadequado; e pela redução insuficiente da poluição", disse Paolucci em uma nota publicada pela edição digital do Osservatore Romano, o jornal da Santa Sé.

Segundo o diretor, "anos depois da polêmica, porém exemplar intervenção de restauração, a Capela Sistina concentra a atenção dos responsáveis dos Museus Vaticanos por motivos de conservação que são mais importantes do que as disputas sobre o uso dos solventes, que monopolizou o debate entre os especialistas no fim dos anos 1980. 

A capela foi construída por ordem do papa Sisto IV a partir de 1475, mesmo ano de nascimento de Michelangelo. 

Além de conter obras de grandes mestres do Renascimento, é nela que ocorre o Conclave (a eleição do Sumo Pontífice da Igreja Católica). 

Entre o final da década de 1970 e a década de 1990, o local passou por restaurações a pedido do papa João Paulo II, e causou polêmica por conta do uso de um novo solvente nos afrescos do Juízo Final de Michelangelo. 

"Se quisermos conservar a Sistina em condições aceitáveis para as próximas gerações, este é o desafio que devemos enfrentar", sublinhou Paolucci, que citou a respeito Giovanni Urbani, teórico da conservação preventiva. 

O efeito negativo sobre os afrescos, por conta da presença das dezenas de milhares de visitantes que passam pela Sistina, disse Paolucci, ficou claramente visível quando – como ocorre todos os verões – se procedeu à retirada do pó da capela.

No ano passado, o número de turistas que visitaram a Capela Sistina superou os 4 milhões, principalmente devido ao horário estendido de abertura (antes fechava entre as 14h e 16h, e atualmente isso só ocorre às 18h) e às aberturas extraordinárias.

O efeito da respiração de tanta gente, somado ao pó, aos cabelos, às fibras de lã e sintéticas e até aos fragmentos de pele nos 10 mil metros cúbicos da capela são terríveis no longo e médio prazos, disse Paolucci. 

Claudio Strinati, especialista do setor e ex-responsável pelos Museus de Roma, concorda plenamente com Paolucci: "Em nosso país não se registram invasões de multidões comparáveis e é óbvio que a presença dos milhares de pessoas muda completamente o microclima de um ambiente tão pequeno".

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