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Prefeita de Roma pode ser processada por abuso de poder

A prefeita de Roma Virginia Raggi corre o risco de ser processada por abuso de poder e falso testemunho.   

A Procuradoria da República na capital italiana concluiu o inquérito que a investigava por supostas irregularidades na nomeação de Renato Marra, irmão de seu ex-assessor Raffaele Marra, para um cargo na Secretaria de Turismo, e de Salvatore Romeo como chefe da Secretaria Política.   

No primeiro caso, Raggi teria mentido sobre a indicação de Renato por Raffaele, que comandava o departamento municipal de recursos humanos. Em depoimento concedido no fim de 2016, a prefeita havia negado qualquer participação na nomeação, mas mensagens descobertas no celular de Raffaele mostraram que Raggi e o chefe de RH chegaram até a conversar sobre o salário de Renato. Raffaele Marra foi preso em dezembro de 2016, acusado de corrupção ao supostamente ter recebido propina de uma empreiteira em 2013, ainda no governo de centro-direita de Gianni Alemanno.   

Já Salvatore Romeo era um funcionário concursado da Prefeitura e, após a posse de Raggi, foi promovido a chefe da Secretaria Política, passando de um salário de 39 mil euros por ano para um de 110 mil. No ato de nomeação, assinado em 9 de agosto de 2016, o aumento não estava indicado claramente, o que configuraria abuso de poder.   

Além disso, o documento não foi submetido aos órgãos técnicos da Prefeitura para avaliar sua legitimidade. Romeo renunciou ao cargo em dezembro passado, após pressões do partido de Raggi, o antissistema Movimento 5 Estrelas (M5S), que o acusava de excluir outros membros da sigla das decisões municipais.   

Por outro lado, a Procuradoria da República pediu o arquivamento do inquérito contra a prefeita por abuso de poder nas nomeações de Renato Marra, imputando o crime apenas a Raffaele, e de Carla Raineri, que protagonizou uma das maiores crises do mandato de Raggi.   

Ex-magistrada, ela havia sido indicada para o cargo de chefe de Gabinete, em teoria a principal pasta política da Prefeitura, mas disse nunca ter tido influência no governo. Por conta disso, Raineri entregou o cargo e provocou uma renúncia em massa na capital italiana.   

A ex-chefe de Gabinete revelou também ter alertado a prefeita sobre irregularidades na nomeação de Romeo, que, segundo ela, exercia na prática o comando político do governo municipal. A Autoridade Nacional Anticorrupção (Anac) chegou a denunciar ilegalidades na forma de contratação de Raineri – seu salário era de quase 200 mil euros por anos -, mas os procuradores não encontraram indícios de crime em sua nomeação, apesar de a considerarem “não legítima”.   

“A prefeita seguirá em frente. Estamos muito tranquilos e continuaremos a trabalhar. A prefeita está calma, não há nada de inesperado até agora”, declarou o vice-prefeito de Roma, Luca Bergamo, após a conclusão do inquérito.   

Eleita em junho de 2016, na esteira do desencanto dos italianos com a classe política, Raggi é a grande aposta do M5S para mostrar que pode governar a Itália. No entanto ela vem enfrentando constantes crises desde que chegou ao poder, principalmente ligadas à nomeação de sua equipe.   

A prefeita pensou até mesmo em renunciar, mas agora afasta essa hipótese, mesmo que seja denunciada por abuso de poder e falso testemunho.

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