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Resgate de migrantes eleva tensão no governo italiano

Às vésperas das eleições europeias de 26 de maio, a tensão voltou a subir no governo italiano por conta da crise migratória no Mediterrâneo.

O navio Sea Watch 3, da ONG alemã Sea Watch, resgatou 65 migrantes na costa da Líbia e agora pede um porto seguro para atracar, mas o ministro do Interior e vice-premier da Itália, Matteo Salvini, disse que as portas de seu país estão “fechadas”.

“E não tem premier ou ministro do M5S que me faça mudar de ideia”, acrescentou. A declaração do secretário da Liga foi vista pelo Movimento 5 Estrelas (M5S) como um ataque direto ao primeiro-ministro Giuseppe Conte, que em outras situações havia bancado pessoalmente o acolhimento de migrantes.

“O ataque de Salvini a Conte na questão dos migrantes é a enésima tentativa fracassada de desviar a atenção midiática das constantes notícias de representantes da Liga envolvidos em casos de corrupção. Um claro sinal de dificuldade e fraqueza”, disseram fontes do M5S.

Já o líder do partido, o ministro do Trabalho e vice-premier Luigi Di Maio, acusou Salvini de “arrogância” e “prepotência”.

“A emergência do país neste momento não é a imigração, mas sim a corrupção”, declarou.

Apenas neste mês, dois expoentes da Liga foram atingidos por escândalos de abuso de poder e corrupção: o governador da Lombardia, Attilio Fontana, e o prefeito de Legnano, Gianbattista Fratus.

Sea Watch – O navio da Sea Watch está a 15 milhas de Lampedusa, ilha italiana que fica no sul do Mediterrâneo, e transporta 65 migrantes socorridos em 15 de maio, a 30 milhas da costa da Líbia.

“Naveguei rumo ao norte porque as condições meteorológicas estavam ruins”, disse o comandante da embarcação, Arturo Centore. Salvini, por sua vez, acusou os agentes humanitários de serem “traficantes de seres humanos”. Apesar disso, o Ministério do Interior autorizou o desembarque de 18 pessoas: sete crianças, sete mães, três pais e um adulto que necessita de atendimento médico.

A decisão do ministro de impedir o desembarque de migrantes resgatados no mar já lhe rendeu duas investigações por sequestro e abuso de poder, uma delas envolvendo a própria Sea Watch. Para Salvini ser processado, no entanto, é preciso o aval do Senado, que já engavetou um inquérito.

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