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Silvio Berlusconi aponta firmeza contra crise, apesar do nervosismo dos mercados

O premier da Itália, Silvio Berlusconi, declarou em audiência na Câmara dos Deputados que seu governo enfrentará a crise com "coerência e firmeza", sem seguir o "nervosismo dos mercados", após classificar a queda nas ações bancárias como "excessivas". 

O primeiro-ministro atestou que "que o governo está pronto a ir a fundo" em sua função de executar o plano de austeridade econômica aprovada pelo Parlamento italiano, que prevê cortes de gastos de 47 bilhões de euros. 

Entre as medidas a serem implementadas, ele citou a reforma do Estatuto dos Trabalhadores, que versa sobre direitos trabalhistas.

Ele recordou que o governo vem negociando com representantes civis sobre propostas de revisão do estatuto e opinou que "chegou o momento de verificar o grau de consenso".

O chefe do Conselho de Ministros italiano garantiu que os bancos italianos já "superaram bem a crise" e apresentam hoje bens capitalizados a ponto de sustentarem a recuperação econômica, além da "exigência das famílias e das empresas". 

"Temos os fundamentos econômicos, os nossos bancos são líquidos, superamos o teste de stress, no mês de julho foram registradas menos demissões, não diminuiu o desejo de fazer negócios", citou o chefe de Governo italiano, antes de criticar a instabilidade do mercado mesmo após a aprovação do plano. 

Os cortes nos gastos públicos e as reformas financeiras, segundo Berlusconi, foram um "procedimento imediato com o objetivo de equilibrar o orçamento até 2014" e "foi julgada adequada e suficiente pela Europa e pelos observadores internacionais", destacou. 

Porém, ele observou que, mesmo após a aprovação do plano, "a queda os preços das ações dos nossos bancos [ainda] são absolutamente excessivas", visto que, "para as maiores instituições, os valores de mercado estão absolutamente inferiores aos valores de balanço". 

A Bolsa de Valores de Milão fechou em queda de 1,54%, com 17.006 pontos. Ontem a bolsa italiana fechou com perdas de 2,53%. 

"Como muitas vezes acontece nas crises de confiança, os mercados não quiseram avaliar nossa solidez, não consideraram a solidez do nosso sistema bancário e as condições patrimoniais das famílias", apontou. 

Em sua opinião, os mercados "não refletem a importância" das intervenções do governo e é "essencial dar certeza aos mercados, definindo tempos, recursos e intervenções previstas". Ele observou, porém, que "ninguém nega a crise", mas que "todos devem trabalhar para superá-la" e para estimular o crescimento econômico da Itália. 

Berlusconi, que possui maioria no Parlamento graças ao apoio do partido de direita Liga Norte, ainda pediu à oposição que contribua com propostas para contornar o aperto financeiro. 

"Não peço à oposição de compartilhe de nosso programa, mas que tragam contribuições com ideias e propostas para trazer aquilo que serve ao país. A oposição deve fazer o que é chamada a fazer sem perder de vista o objetivo comum porque comum é o objetivo de tirar a Itália de uma crise que não é italiana, mas planetária", declarou. 

O premier ainda argumentou que a incerteza com relação aos mercados cresce a "em toda a parte, em particular nos Estados Unidos, no Japão" e inclusive nos países emergentes, onde "as metas de crescimento também diminuem", citou. "Os EUA estão em dificuldades mesmo depois do acordo alcançado pelos dois partidos, não foram reduzidas as tensões internacionais", acrescentou.

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