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União Europeia faz 20 anos, em meio a grave crise do euro e estagnação econômica

A crise do euro, a estagnação econômica da maioria dos países europeus, o estado pré-falimentar de alguns deles e as incertezas políticas lançam nuvens sobre as celebrações do vigésimo aniversário do Tratado de Maastrich, que lançou as bases da unificação econômica e monetária que deu lugar à moeda única.


Embora a construção da nova Europa tenha como data fundadora o Tratado de Roma de 1957, assinado pela França, Alemanha Ocidental, Itália, Bélgica, Holanda e Luxemburgo, Maastricht (assinado na cidade holandesa em 7 de fevereiro de 1992) institucionalizou a atual União Europeia.

Muitos analistas fazem um balanço entre as promessas embutidas no Tratado de Maastrich (assinado pelos seis países fundadores acrescidos da Dinamarca, Irlanda, Reino Unido, Grécia, Espanha e Portugal) e os impasses atuais da União Europeia. Todos concordam na constatação de que ocorreu, anos atrás, uma ruptura no movimento de unificação dos países membros.

Para a maioria dos analistas, o ímpeto do movimento europeu rompeu-se entre 2004 e 2007, quando o número de países membros da UE saltou de 12 para 27. No meio tempo, o voto negativo dos franceses no referendo sobre a Constituição Europeia, em 2005, travou mais ainda a dinâmica da UE.

Numa entrevista ao jornal suíço Le Temps, um alto funcionário inglês da UE lembrou o impacto dessa ampliação na sede da administração europeia sediada em Bruxelas: “Tivemos que integrar cerca de 15.000 novos funcionários, a maioria vinda dos novos países membros. Imaginem o choque!”.  Até 1958, os delegados europeus trabalhavam com somente quatro línguas oficiais. Hoje, existem 23 línguas oficiais de trabalho e há 3.338 tradutores permanentes entre os funcionários de Bruxelas para dar conta dos debates e das trocas de documentos entre os 27 países membros. Sem contar os tradutores temporários que são contratados periodicamente.

No plano da economia europeia, a edição francesa do site de notícias americano Huffington Post fez uma comparação interessante entre os cinco pontos essenciais do Tratado de Maastrich (estabilidade de preços, capacidade de empréstimos internacionais, estabilidade do câmbio para os países fora da zona euro, equilíbrio das finanças públicas, limite do déficit público a 3% do Produto Interno Bruto e dívida pública inferior a 60% do PIB) e a situação atual dos 27 países.

Os melhores colocados são países nórdicos: a Dinamarca, a Finlândia (que provavelmente aderirá ao euro em breve) e a Suécia. Em último lugar, numa posição pior ainda que a da Grécia, vêm Hungria e Portugal. No meio termo, estão Alemanha, França, Reino Unido e Itália.

Apesar deste relativo fiasco institucional e econômico, é preciso destacar os benefícios gerados pela União Europeia nos planos político, social e cultural. Os signatários do Tratado de Roma e boa parte dos chefes de Estado e de governo que assinaram o Tratado de Maastritch viveram os dramas da Segunda Guerra mundial que perpetuavam os conflitos que ensanguentaram seus países nos últimos séculos.

Hoje, o pacto permanente entre a França e a Alemanha tornou-se o pilar da nova Europa. As fronteiras na Europa ocidental e central estão estabilizadas, o choque do desabamento da União Soviética, do desmantelamento da Cortina de Ferro e do fim da Guerra Fria foi amaciado pela existência da UE. Enfim, há atualmente uma verdadeira cultura e identidade europeias, compartilhada por duas gerações de jovens educados na plena consciência de sua identidade cultural europeia.

Na escala de tempo que mede a história milenar do Velho Mundo, esses sucessos, obtidos em apenas algumas décadas, não são pouca coisa.

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