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FÁBIO BOTTO FARHAN: IMIGRAÇÃO NA ITÁLIA: “Madura” em números, mas não na cultura

Na década de 50 cerca de 300 mil italianos saíam anualmente de seu país para emigrar. Sessenta anos depois, mais de 300 mil pessoas por ano escolhem a Itália para morar, em sua maioria de forma estável.

A testemunhar esta importante passagem da Itália, de terra de emigração para país de imigração, é a pesquisa "1951-2011: As migrações na Itália, entre passado e futuro", organizada pelo Centro de Estudos Idos por ocasião do 60º aniversário da OIM (Organização Internacional para as Migrações) e apresentada na Rádio Vaticana.

A pesquisa, destacaram os promotores, foi produzida em dois idiomas – italiano e inglês, para permitir a sua difusão também no exterior e fornecer a outros países a ideia do que que aconteceu na Itália nos últimos 50 anos em termos de movimentos migratórios.

Houve uma mudança na direção dos fluxos e também na atividade da OIM, que inicialmente se ocupava da assistência dos emigrantes italianos: ela ajudou mais de 1 milhão na década até 1962.

Dos anos 90 em diante, quando a Itália se tornou um país de imigração, a OIM dirigiu sua atenção para os imigrantes, que em 2011 chegaram perto dos cinco milhões. Isso sem mencionar que os cidadãos italianos residentes no exterior são mais de quatro milhões, ou ao menos 15 vezes mais se considerarmos os seus descendentes, como explicou Franco Pittau, ao ilustrar a pesquisa.

Como é hoje a Itália em relação ao grande tema das migrações?

"Numericamente, somo um país maduro, mas, como uma abordagem cultural e política, ainda há muita coisa errada", disse Natale Forlani, diretor-geral para a imigração do Ministério do Trabalho.

"Precisamos abandonar a forma como discutimos a imigração nos últimos 10 anos. Aqueles que vivem na Itália são trabalhadores, construíram uma família no país e querem melhorar sua posição social. E nós temos que trabalhar para que eles cresçam e ajudem no crescimento do país", acrescentou.

Essa posição é compartilhada pelo presidente das Acli (patronato das Associações Cristãs de Trabalhadores Italianos), Andrea Olivero: "A imigração muda o perfil da comunidade, mas não destrói a civilização dos países".

As palavras-chave são, portanto, integração e cidadania. Para as "políticas implementadas até o momento são insuficientes", denunciou Olivero, que pede uma "mudança estrutural".

Para inverter a visão de um ponto de vista "externo", interveio o embaixador do Marrocos, Hassan Abouyoub, que explicou como as coisas mudaram nos últimos tempos, inclusive para a margem sul do Mediterrâneo: "Agora, depois da crise economia que atingiu a Europa, chegam ao Marrocos trabalhadores espanhóis em busca de trabalho".

O diplomata convidou então a Europa a "mudar a abordagem de parceria" e "ser menos arrogante": "vocês não tem soluções para o seu crescimento e nós tampouco temos para o nosso. Precisamos de um modelo alternativo e de uma visão do mercado comum do Mediterrâneo".

"O passado de migração dos italianos no exterior – concluiu José Angel Oropeza, diretor do escritório para o Mediterrâneo da OIM – assim como o cenário atual da imigração na Itália, se juntam na palavra integração, que induz a prefigurar um futuro baseado na convivência frutífera entre as comunidades distintas". (ANSA)

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