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Grupo de parlamentares faz passeata em Roma, para exigir uma reunião com o presidente Napolitano

Um grupo de aproximadamente 100 parlamentares de oposição ao governo do premier italiano, Matteo Renzi, fez uma passeata em Roma em direção ao palácio do Quirinale, sede da Presidência da República, para exigir uma reunião com o chefe de Estado, Giorgio Napolitano.

Membros de partidos como o Movimento 5 Estrelas (M5S), o extremista Liga Norte e o socialista Esquerda, Ecologia e Liberdade (SEL, na sigla em italiano), os políticos protestaram contra a ameaça da coalizão governista de cortar parte das 7.850 emendas a um projeto de reforma do Senado, com o objetivo de aprová-lo até 8 de agosto, quando o Congresso entra em férias por conta do verão europeu.

"Estão rasgando a Constituição, vamos todos juntos ao Quirinale para protestar", gritou a líder de bancada do M5S na Câmara dos Deputados, Paola Carinelli, recebendo aplausos dos seus correligionários. No entanto, segundo o comediante Beppe Grillo, fundador da legenda, o chefe de Estado não recebeu os parlamentares porque estava se sentindo "levemente indisposto".

O máximo que eles conseguiram foi uma reunião com o secretário-geral da Presidência, Donato Marra. Após a negativa, o Movimento 5 Estrelas divulgou uma nota criticando duramente Napolitano e dizendo que essa é sua última chance de mostrar que representa todos os italianos, e não apenas uma parte. "Se ele permanecer surdo a esse último grito de alarme, nada será como antes", diz o comunicado.

A polêmica

Na última semana, o Senado da Itália começou a analisar um projeto de lei que acaba com o bicameralismo paritário no país, reduzindo drasticamente os poderes da Casa. A medida é uma das principais promessas do premier Matteo Renzi – líder do centro-esquerdista Partido Democrático (PD) -, que assumiu o cargo em fevereiro.

A iniciativa tem causado polêmica porque transforma o Senado em uma espécie de "Câmara das Autonomias", sem membros eleitos diretamente pelo povo. Ao invés dos atuais 315 senadores, a Casa seria composta por 100, dos quais cinco seriam nomeados pelo chefe de Estado e os outros 95 seriam prefeitos e membros de assembleias legislativas.

Além disso, esses novos "senadores" não receberiam salários e nem teriam direito a votar temas como a confiança ao governo e o orçamento, função que caberia apenas aos deputados. No entanto, eles continuariam tendo papel em algumas questões, como a discussão de reformas constitucionais.

Na cabeça de Renzi, o ideal seria aprovar a iniciativa o mais rápido possível, mas o grande número de emendas apresentadas pela oposição (7.850) – e até mesmo por uma minoria do PD – torna o processo bastante lento. "Na Itália, existe um grupo de pessoas que sempre diz 'não'. E nós, sem gritar, dizemos 'sim'. Gostem ou não, vamos fazer as reformas", afirmou o premier, em entrevista ao jornal "Corriere della Sera".

Por conta do obstrucionismo da oposição, o presidente do Senado, Pietro Grasso, anunciou que será feito um contingenciamento do tempo de tramitação do projeto, fazendo com que sua votação final na Casa aconteça, no máximo, em 8 de agosto. As emendas que não forem discutidas até lá serão cortadas.

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