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Em crise, partido populista continua a ter deserções na Itália

Em meio à crise política, o partido Movimento 5 Estrelas (M5S) teve mais duas importantes deserções: o ex-líder da sigla na Câmara dos Deputados Davide Crippa e o ainda ministro para as Relações com o Parlamento, Federico D’Inca.

Ambos justificaram a saída da sigla antissistema por conta da decisão de tirar o apoio ao premiê Mario Draghi em uma votação de confiança neste mês de julho. O M5S iniciou a crise para derrubar o primeiro-ministro ao boicotar uma votação no Senado sobre um pacote de ajudas às famílias e às empresas e ratificou essa atitude ao optar por se abster na sessão de confiança ao governo.

“Depois de mais de 14 anos de ativismo político, me vejo obrigado a deixar o Movimento 5 Estrelas. Para mim, esse é um gesto muito sofrido e muito pensado. Nunca escondi minha divergência de opinião com os líderes do Movimento sobre a gestão da falta de confiança ao governo, que de fato abriu uma crise depois aprofundada pela centro-direita por objetivos eleitorais”, escreveu Crippa em um post nas redes sociais.

“Não compreendo mais o projeto político, muito instável, muito volúvel e frequentemente contraditório, que fez perder de vista o horizonte comum que tinha unido o Movimento”, acrescentou o político ao dizer ainda que “trabalhou até o último minuto para evitar” a queda de Draghi.

Já D’Inca também disse que “refletiu muito” antes de tomar a decisão e afirmou que, após a queda do premiê, “não poderia não mostrar que há insanáveis divergências entre o meu percurso e aquele assumido pelo Movimento 5 Estrelas nas últimas semanas”.

“Expliquei nos locais oportunos e também publicamente os riscos para os quais estávamos expondo o país em caso de um voto de não confiança na relação com o governo Draghi. Uma decisão, a meu ver, irresponsável, que não compartilho e que tentei evitar até o fim”, afirmou ainda.

“Depois de 12 anos, deixo o Movimento 5 Estrelas com profunda tristeza e dor pessoal. As nossas estradas não estão mais sobrepostas, o buraco que foi cavado nesses últimos meses não me permite prosseguir nessa experiência por coerência com as ideias e com os valores que eu levo adiante em nível nacional e local – e que pretendo continuar a apoiar”, disse ainda.

Se mantendo quieto desde que a crise estourou, um dos cofundadores do partido, Beppe Grillo, chamou de “zumbis” os muitos políticos que deixaram a sigla nas últimas semanas.

“Temos pena daqueles de nós que caíram e não resistiram ao contágio. Mas, sobretudo, agradeço quem combateu e ainda combate com a gente. Para alguns, é tempo de fazer isso a nossa força da precariedade porque só assim poderemos vencer contra os zumbis dos quais Roma é escrava. Honro a quem serve com coragem e altruísmo, saúdo quem segue no caminho”, escreveu em seu blog.

Vencedor das eleições em 2018 com cerca de 30% dos votos, o M5S vem perdendo espaço no cenário político italiano desde então.

Segundo as pesquisas de intenções de voto para as eleições de 25 de setembro divulgadas após a queda de Draghi, a sigla antissistema tem entre 9,5% e 11,9% dos votos – sendo apenas a quarta força política do país.

À frente, estão o partido de extrema-direita Irmãos da Itália (FdI), entre 22,8% e 25%, o centro-esquerda Partido Democrático (PD), entre 22,1% e 23,7% e o ultranacionalista Liga, de 12,4% a 15,4%.

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