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Novo escândalo político-financeiro atinge a Itália

Uma ampla investigação por corrupção e lavagem de dinheiro envolvendo políticos e ligada ao grande projeto "Moisés" foi revelada em Veneza, uma cidade que atrai milhões de turistas e bilhões de euros.

 

No Veneto, Lombardia, Emilia-Romagna e Lazio, mais de 300 agentes da 'Guardia di Finanza' (polícia financeira italiana) prenderam 25 pessoas e colocaram sob supervisão judicial 10 outras, incluindo o atual prefeito de Veneza, Giorgio Orsoni (Partido Democrático, esquerda).

Orsoni, cujos escritórios foram revistados pela polícia, é suspeito de financiar ilegalmente sua campanha eleitoral à prefeitura em 2010. Um conselheiro regional do PD, assim como empresários e um ex-general estão entre os réus. Segundo os investigadores, a criação de um caixa dois alimentado por fundos de um sistema de notas frias e subornos de contratos relativos ao projeto "Moisés", teria permitido arrecadar cerca de 20 milhões, escondidos em contas no exterior. "Uma grande parte desses recursos foi utilizada para financiar as forças políticas a nível local, regional e nacional", declarou o promotor de Veneza, Luigi Delpino, durante uma coletiva de imprensa ao meio-dia. Quarenta milhões de euros também foram apreendidos pela Guardia di Finanza .

A Promotoria de Veneza também exigiu a prisão do ex-governador de Veneto (1995-2010) Giancarlo Galan, ex-ministro de Silvio Berlusconi e atualmente deputado pelo partido Forza Italia (direita). Em 2003, Galan lançou a pedra fundamental desta construção colossal, com um custo de 5,4 bilhões de euros, junto com Silvio Berlusconi, o então presidente do Conselho. "Moisés", que envolve quase 50 empresas ao longo de 20 km da lagoa de Veneza, consiste na instalação de 78 diques gigantes flutuantes para proteger a cidade dos mares e inundações. As obras deveriam ser concluídas em 2016.

A investigação, iniciada há três anos, resultou na prisão em julho de 2013 de 14 pessoas suspeitas de emitir notas frias e fraudar processos licitatórios. O principal alvo desta primeira ação foi o Consortium Venezia Nuova, responsável pela construção dos diques móveis, e cujo ex-presidente, Giovanni Mazzacurati, estava entre os presos. Com base nos depoimentos desses réus, os investigadores chegaram a políticos locais. Este novo escândalo político e financeiro afeta tanto a esquerda quanto a direita italianas. Um escândalo que foi rapidamente denunciado pelo Movimento 5 Estrelas (M5S) do ex-comediante Beppe Grillo, que surpreendeu em 2013 ao receber um quarto dos votos nas eleições parlamentares.

No início de maio, como parte da construção da Expo-2015 em Milão, vários políticos, de esquerda e direita, foram presos sob a acusação de corrupção e de fraudar licitações. "O que devem fazer mais esses partidos para não merecem o voto dos cidadãos italianos?", questionou nesta quarta-feira o deputado do M5S Luigi di Maio em sua página do Facebook. O ex-prefeito de Veneza, Massimo Cacciari, lamentou por sua vez que "o modo como as grandes obras são lançadas no país geram muitos subornos". Veneza, que recebe 20 milhões de turistas por ano, conhece todos os anos vários episódios de "acqua alta", quando a maré alta no Adriático ultrapassam um metro e faz ps canais transbordarem. A vulnerabilidade da cidade piorou ao longo dos anos com a ascensão do nível do mar, enquanto a cidade baixou 23 centímetros durante o século XX. Ainda assim, Veneza atrai patrocinadores e investidores inclusive de países distantes, e milhões de dólares por causa de seu passado ilustre e mágico.

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