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Vaticano começa a julgar desvio para obra em casa de cardeal

Começou o julgamento no Tribunal do Vaticano que apura um suposto desvio de recursos do hospital infantil Bambino Gesù, em Roma, para reformar o apartamento do cardeal Tarcisio Bertone, ex-secretário de Estado da Santa Sé.   

Os réus são Giuseppe Profiti, ex-presidente da Fundação Bambino Gesù, entidade que administra o hospital católico, e Massimo Spina, ex-tesoureiro da instituição. Ambos são acusados de peculato ao usar 422 mil euros do orçamento do centro pediátrico para pagar a empresa que reformou a cobertura de Bertone.   

O imóvel em questão é a junção entre dois apartamentos situados no último andar do palácio São Carlos, vizinho à Casa Santa Marta, residência oficial do papa Francisco no Vaticano. A cobertura tem 296 metros quadrados, cerca de quatro vezes o tamanho da moradia do Pontífice.   

Durante a primeira sessão do julgamento, a defesa de Profiti pediu uma perícia técnica no contrato das obras realizadas no palácio São Carlos, tanto no apartamento de Bertone como nas áreas de convívio comum. O promotor Gian Piero Milano contestou a solicitação, argumentando que os valores não são levados em conta no crime de peculato.   

Já o advogado de Spina, Alfredo Ottaviani, cogitou pedir a convocação de Bertone como testemunha de defesa. Segundo ele, há nos autos do processo uma carta do cardeal que diz que “está tudo bem e que não há problemas” na obra. As próximas audiências serão nos dias 7, 8 e 9 de setembro, mas o julgamento pode se estender pela semana seguinte.   

A denúncia sobre irregularidades na reforma apareceu no livro “Avarizia” (“Avareza”), do jornalista italiano Emiliano Fittipaldi, que relata segredos e escândalos envolvendo as finanças da Santa Sé. A obra começou após o cardeal deixar o comando da Secretaria de Estado, em 2013, e o imóvel é de propriedade do Vaticano.   

Em dezembro de 2015, Bertone doou 150 mil euros à Fundação Bambino Gesù por causa dos “danos” provocados ao hospital infantil. Apesar disso, ele afirma que não tinha conhecimento sobre nenhuma irregularidade na reforma de seu apartamento.  

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