Catolicismo Romano

Direito, não favor! – Por Por Padre Jerônimo Brow

Nem sempre o profeta tem consciência de que é um profeta, ou, num campo menos “comprometedor”, nem sempre as pessoas têm plena consciência do significado do que estão dizendo.

Assim um avô, uma tia, um amigo podem nos dizer algo que para nós é praticamente uma resposta de Deus, enquanto para eles foi apenas um comentário, uma observação.

Quando Dom Lefebvre sagrou os quatro bispos em 1988, dentre outras coisas, ele falou sobre a Tradição reencontrar seu lugar em Roma.

Aqui, o Bispo foi absolutamente certeiro: não se trata de ter uma permissão maior ou menor para celebrar a missa tradicional, mas de que a própria Tradição reencontre seu lugar em Roma.

Nós todos presenciamos um momento em que a dita Missa de S. Pio V parecia ter voltado do exílio. Nesse tempo, muitos consideraram que Dom Lefebvre errara ao não se submeter às medidas que lhe foram impostas e que a Fraternidade S. Pio X teria quase obrigação de se retratar e “voltar” para a Igreja, uma vez que até figuras jurídicas já eram aplicadas a certos grupos ditos tradicionais, até mesmo com a “garantia” de se ter um Bispo.

Sim, durante algum tempo a Missa tradicional reencontrou seu lugar na própria Basílica Vaticana, mas a Tradição não reconquistou seus direitos em Roma.

Em muitos casos, o direito de os padres rezarem e os fiéis assistirem a Missa tradicional foi considerado um favor, uma misericórdia, uma compaixão.

Lamentavelmente, a Tradição não reencontrou seus direitos em Roma, e a crise sempre crescente, que passa pelas absurdas restrições impostas ao Rito Tradicional (não só à Missa), chegando ao culto da Pachamama, que parece não ser ainda o vértice negativo para o qual as autoridades despencam, tornam absolutamente ineficazes qualquer acordo com tais autoridades.

Porque os acordos para a celebração da Missa tradicional e um ou outro uso litúrgico é comprado pelo absoluto silêncio e, muitas vezes, com a própria participação nos grandes erros atuais.

Dom Lefebvre e Dom Mayer não queriam acordos para si ou para suas obras, queriam o bem da Santa Igreja. E esse bem jamais poderia acontecer sem que todas as autoridades da Igreja retomassem à Doutrina e à Moral autenticamente católicas, não apenas em suas declarações, mas, igualmente, em suas ações.

É por isso que muitos acordos com as autoridades hoje são completos desacordos com os fiéis que não podem entender como que da noite para o dia o que era mau ficou bom. Como que, sem nenhuma correção, o que antes era combatido agora é tudo como o amigo mais fiel. Ainda que se manipule até mesmo a memória de Dom Mayer ou Dom Lefebvre, no fundo se sabe que se está mentindo, que se é desonesto e covarde.

Os acordos hoje servem apenas para destruir o que resta de Tradição em certos meios, inserir o modernismo, o relativismo, criar falsos escrúpulos e escandalizar os fiéis.

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