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Mais de 300 imigrantes ilegais da Tunísia desembarcam na ilha de Lampedusa, no sul da Itália

Uma embarcação procedente da Tunísia com 347 imigrantes a bordo chegou nesta quarta-feira à ilha italiana de Lampedusa, na qual desde 23 de fevereiro não eram registrados desembarques ilegais. Segundo fontes policiais, a embarcação, na qual viajavam quatro mulheres, chegou ao porto, escoltada por uma lancha da Guarda Costeira, depois que fora avistada ao sul da ilha italiana em águas da Tunísia.

O diário Corriere della Sera informa em seu site que na barca viajavam também dois jornalistas de um canal de televisão alemão que realizavam um documentário sobre o êxodo de tunisianos para a Europa. Os dois foram postos em liberdade depois de as autoridades italianas terem comprovado suas identidades.

Nas últimas horas, segundo a imprensa italiana, outros 22 imigrantes ilegais também procedentes do norte da África foram interceptados, desta vez já em terra, na ilha de Linosa, a menor das Ilhas Pelágias e 42 quilômetros ao nordeste de Lampedusa.

Com a chegada destes 347 imigrantes ilegais, o Centro de Identificação e Expulsão (CIE) de Lampedusa, com capacidade para 850 pessoas, abriga neste momento cerca de 210, depois que vários imigrantes foram enviados para as localidades de Bari e Brindisi, no sul da Itália. Desde janeiro, mais de 6,3 mil imigrantes ilegais chegaram à costa do sul da Itália – sobretudo a Lampedusa -, dos quais 6,2 mil procedentes da Tunísia. Destes, apenas um número muito reduzido solicitou direito de asilo.

Mundo árabe em convulsão e conflitos

A onda de protestos que desbancou em poucas semanas os longevos governos da Tunísia e do Egito segue se irradiando por diversos Estados do mundo árabe. Depois da queda do tunisiano Ben Ali e do egípcio Hosni Mubarak, os protestos mantêm-se quase que diariamente e começam a delinear um momento histórico para a região. Há elementos comuns em todos os conflitos: em maior ou menor medida, a insatisfação com a situação político-econômica e o clamor por liberdade e democracia; no entanto, a onda contestatória vai, aos poucos, ganhando contornos próprios em cada país e ressaltando suas diferenças políticas, culturais e sociais.

No norte da África, a Argélia vive – desde o começo do ano – protestos contra o presidente Abdelaziz Bouteflika, que ocupa o cargo desde que venceu as eleições, pela primeira vez, em 1999; mais recentemente, a população do Marrocos também aderiu aos protestos, questionando o reinado de Mohammed VI. A onda também chegou à península arábica: na Jordânia, foi rápida a erupção de protestos contra o rei Abdullah, no posto desde 1999; já ao sul da península, massas têm saído às ruas para pedir mudanças no Iêmen, presidido por Ali Abdullah Saleh desde 1978, bem como em Omã, no qual o sultão Al Said reina desde 1970.

Além destes, os protestos vêm sendo particularmente intensos em dois países. Na Líbia, país fortemente controlado pelo revolucionário líder Muammar Kadafi, a população vem entrando em sangrento confronto com as forças de segurança, já deixando um saldo de centenas de mortos. Em meio ao crescimento dos protestos na capital Trípoli e nas cidades de Benghazi e Tobruk, Kadafi foi à TV estatal no dia 22 de feveiro para xingar e ameaçar de morte os opositores que desafiam seu governo. Na península arábica, o pequeno reino do Bahrein – estratégico aliado dos Estados Unidos – vem sendo contestado pela população, que quer mudanças no governo do rei Hamad Bin Isa Al Khalifa, no poder desde 1999.

Além destes países árabes, um foco latente de tensão é a república islâmica do Irã. O país persa (não árabe, embora falante desta língua) é o protagonista contemporâneo da tensão entre Islã/Ocidente e também tem registrado protestos populares que contestam a presidência de Mahmoud Ahmadinejad, no cargo desde 2005. Enquanto isso, a Tunísia e o Egito vivem os lento e trabalhoso processo pós-revolucionário, no qual novos governos vão sendo formados para tentar dar resposta aos anseios da população.

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