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Migrantes se jogam de navio ancorado na Itália

Três migrantes a bordo de um navio humanitário ancorado no sul da Itália se jogaram no mar para tentar chegar em terra firme.

Os deslocados internacionais nadaram até uma boia e depois foram resgatados pelas autoridades e levados para o cais ao lado da embarcação. Todos passam bem.

Os migrantes estavam a bordo do navio Geo Barents, operado pela ONG Médicos Sem Fronteiras e que resgatou 572 pessoas no Mar Mediterrâneo no fim de outubro.

Após mais de 10 dias pedindo um porto seguro para atracar, a embarcação recebeu autorização da Itália para ancorar no porto de Catânia, onde 358 pessoas – sobretudo menores de idade e suas famílias – tiveram permissão para descer.

No entanto, outros 214 deslocados internacionais – incluindo os três que se jogaram no mar – seguem bloqueados pelas autoridades italianas.

Além do Geo Barents, Roma trava uma disputa com outros três navios humanitários: Ocean Viking, da ONG SOS Méditerranée e que resgatou 234 pessoas no Mediterrâneo; Humanity 1, da SOS Humanity, com 179; e Rise Above, da Mission Lifeline, com 90.

Assim como a embarcação de MSF, o Humanity 1 também está ancorado em Catânia e pôde desembarcar 144 pessoas, mas os outros navios seguem em alto mar, aguardando a designação de um porto seguro.

Além disso, a Itália ordenou que o Geo Barents e o Humanity 1 zarpem com os migrantes que restaram, sob pena de pagamento de multa de 50 mil euros (R$ 254 mil), mas as duas tripulações dizem que só irão embora quando todos puderem desembarcar.

Riccardo Gatti, responsável pelas operações de busca e socorro de MSF, relatou ataques de pânico e infecções cutâneas graves entre os náufragos e cobrou o desembarque dos remanescentes “o quanto antes”.

Normas internacionais de navegação determinam que pessoas resgatadas em alto mar sejam obrigatoriamente levadas ao porto seguro mais próximo, mas a Itália quer que os países de origem dos navios humanitários – Alemanha e Noruega – se responsabilizem pelos migrantes.

A linha dura contra as ONGs é capitaneada pelo ministro da Infraestrutura Matteo Salvini, que é responsável pela gestão dos portos italianos. “Essas viagens são organizadas. É preciso desmantelar o tráfico de seres humanos, que já é enorme, e também de armas e drogas”, disse ele à rádio RTL, sem apresentar provas da conexão entre os dois fatos.

De acordo com o Ministério do Interior, 87,4 mil migrantes forçados já desembarcaram nos portos italianos em 2022, crescimento de 61% em relação ao mesmo período do ano passado.

No entanto, a maior parte desses deslocados segue viagem rumo ao norte da UE, para nações como a Alemanha, que até agosto contabilizava 238,7 mil solicitantes de refúgio, de acordo com o gabinete de estatísticas da União Europeia (Eurostat), contra 61,8 mil da Itália.

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