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Mulher diz ter sofrido “violência” em mansão de Berlusconi

Chiara Danese testemunhou em processo contra o ex-premier

Uma testemunha-chave de um dos processos por corrupção do sistema judiciário contra o ex-primeiro-ministro da Itália Silvio Berlusconi disse que sofreu “violência psicológica e física” na mansão do líder conservador em Arcore, arredores de Milão.

Chiara Danese prestou depoimento em uma audiência do processo “Ruby ter”, que julga o ex-premier por suspeita de ter comprado testemunhas para manipular inquéritos em seu favor. O nome deriva do caso “Ruby”, no qual Berlusconi foi absolvido pela Suprema Corte dos crimes de prostituição de menores e abuso de poder.

“Ruby” é a modelo ítalo-marroquina Karima el Mahroug, pivô do escândalo sexual que abalou a imagem do então primeiro-ministro da Itália. Danese, hoje com 27 anos, testemunhou sobre uma festa em Arcore realizada em 2010, quando ela tinha 18.

“Vi e sofri uma violência psicológica e física. Sofri tanto que agora estou sob tratamento e tomo remédios”, declarou a jovem, arrolada como testemunha de acusação. “Essa situação arruinou minha vida, não podia sair na rua. Sofri com depressão e anorexia”, acrescentou Danese, em lágrimas.

A testemunha contou que havia sido levada a Arcore por Emilio Fede, já condenado por agenciar garotas de programa para Berlusconi e que teria lhe prometido um trabalho como “garota do tempo” na TV.

“Com 18 anos, infelizmente eu era um pouco ignorante, Arcore parecia apenas um local exclusivo”, disse Danese. No depoimento, ela também falou sobre as “piadas sujas” do então primeiro-ministro e sobre a famosa “estatueta de Priapo [deus grego da fertilidade]”, na qual garotas simulavam “relações orais”.

“Depois Berlusconi dizia: ‘Vocês estão prontas para o bunga-bunga?’ Elas o beijavam na boca, as garotas o chamavam de ‘papi’. Enquanto nos acompanhava, ele nos tocava por trás, eu tinha medo”, contou.

Após entrar na “sala do bunga-bunga”, onde havia “danças eróticas”, Danese disse ter pedido a Fede para ir embora. “Fede me falou: ‘A decisão é sua, mas saiba que você nunca trabalhará no mundo do espetáculo'”, acrescentou.

Esse ramo do processo “Ruby ter” corre em Milão, mas Berlusconi também é alvo de inquéritos em Roma, Siena, Turim, Bari, Pescara, Treviso e Monza, todos por manipulação de testemunhas. Os investigadores acreditam que o ex-primeiro-ministro tenha gastado mais de 10 milhões de euros entre 2010 e 2014 para direcionar depoimentos de frequentadores de suas festas.

Atualmente deputado do Parlamento Europeu, Berlusconi foi cassado do Senado da Itália em 2013, após ter sido condenado em última instância por fraude fiscal a um ano de serviços sociais, pena já descontada.

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