Notícias

Naufrágio de 170 migrantes no mar gera polêmica na Itália

Cerca de 170 migrantes podem ter morrido em dois naufrágios nos últimos dias no Mar Mediterrâneo, a cerca de 50 km ao norte da costa de Trípoli, na Líbia. Três pessoas resgatadas pela Marinha da Itália afirmaram que uma das embarcações tinha 120 ocupantes, informou a Organização Internacional para as Migrações (OIM). Neste último sábado, segundo o porta-voz da OIM, Flavio Di Giacomo, o bote deixou Gasr Garabulli, na Líbia, na última quinta-feira (17) e começou a afundar depois de navegar por cerca de 11 horas. Os migrantes resgatados pela Itália informaram que na embarcação havia 120 pessoas, sendo 10 mulheres e duas crianças.

De acordo com as autoridades, um outro barco está desaparecido há vários dias no Mar de Alborão, com 53 migrantes a bordo. Um sobrevivente do acidente chegou a ser tratado em Marrocos, após ficar 24 horas à deriva em alto mar. As buscas ainda continuam.

O grupo de apoio alemão Sea Watch informou ter resgatado 47 imigrantes de um barco inflável. A OIM informou que entre os migrantes desaparecidos a maioria é proveniente Nigéria, Camarões, Gâmbia, Costa do Marfim e Sudão.

O presidente da Itália, Sergio Mattarella, expressou “profundo pesar” pela tragédia, enquanto o primeiro-ministro, Giuseppe Conte, disse estar “chocado”. Ele ainda afirmou que o governo italiano continuará lutando contra os traficantes de pessoas no norte da África.

No entanto, a controvérsia política é inevitável. O ministro do Interior e vice-premier, Matteo Salvini, ressaltou que as mortes “são provas” de que sua política de fechar os portos está funcionando e voltou a atacar as ONGs.

“Eles voltaram para o mar. Os contrabandistas começaram seu tráfego sujo novamente e as pessoas voltaram a morrer”, acusou. A tragédia gerou comoção por parte da oposição e resultou em uma nova polêmica no país. Para a ex-presidente da Câmara dos Deputados, Laura Boldrini, a atual do governo é “uma política de migração criminosa”.

“Nós somos a Itália. Se houver pessoas no mar, primeiro é preciso salvá-las”, escreveu o ex-premier Matteo Renzi.

A ministra da Defesa, Elisabetta Trenta, lançou um apelo à Europa que, segundo ela, “não pode mais ficar parada e assistir [este tipo de tragédia]”. Os comentários foram rebatidos por Salvini, que recentemente conseguiu a aprovação de um decreto que endurece a política migratória e abole a proteção humanitária. “Eu não fui, não sou e nunca serei cúmplice dos traficantes e ONGs que não respeitam as regras e ordens. Quanto a certos prefeitos e governadores do Partido Democrata e à esquerda, em vez de denunciarem a alegada violação dos ‘direitos de imigrantes ilegais’, devem cuidar do trabalho e bem-estar dos seus cidadãos, já que são os italianos que pagam seus salários.

Estou errado?”, ressaltou o ministro do Interior.

A presidente do Senado, Maria Elisabertta Casellati, por sua vez, disse que o governo não pode “aceitar a morte de muitas pessoas inocentes”. “O Mediterrâneo deve ser um mar de paz, não uma vala comum”. Bloqueada em portos espanhóis e proibida de navegar após medida imposta pela autoridade portuária de Barcelona, a ONG “Open Arms” fez um apelo em sua conta no Twitter. “Perder tempo significa morte. Enquanto Open Arms está presa no porto de Barcelona, 8 pessoas morrem por dia no Mediterrâneo”, escreveu.

Ainda neste último sábado, mais três barcos foram avistados fora de Trípoli, dois registrados na Líbia, enquanto outro com 47 migrantes a bordo foi resgatado pela ONG Sea Watch, que agora está aguardando instruções das autoridades para atracar em um porto seguro.

Mostrar mais

Artigos relacionados

Fechar

Adblock detectado

Por favor, considere apoiar-nos, desativando o seu bloqueador de anúncios