Notícias

Papa “não acredita em conspirações” no Sínodo, diz porta-voz do Vaticano, Federico Lombardi

O porta-voz do Vaticano, padre Federico Lombardi, explicou que o papa Francisco não acredita que há alguma "conspiração" entre os padres que fazem parte do Sínodo da Família. A afirmação veio após jornalistas publicarem que Jorge Mario Bergoglio teria dito que, entre os bispos, há uma "hermenêutica conspirativa". Lombardi informou que esse foi o tom do discurso do sucessor de Bento XVI e não qualquer outro sentido. Mediando o debate sobre os trabalhos do Sínodo nesta quinta, ao lado do cardeal Edoardo Menichelli, do patriarca sírio de Antioquia, Ignace Youssuff III Younan, e o bispo de Accra (Gana), Charles Palmer-Buckle, o religioso destacou que Francisco "não utilizou essa palavra por isso não tenho que desmenti-la".

"Evidentemente, o conceito é que devemos ter plena confiança uns nos outros, estarmos convictos do que dizemos e o processo sinodal ocorre em plena lealdade e expressão sincera do próprio pensamento. Não podemos pensar que há complôs, pessoas que buscam manipular a visão do Sínodo no interior e no seu exterior", destacou. Para o líder católico, o evento é um "processo, uma troca de informações que ocorre com serenidade" e que "não é guiado por interesses particulares ou tentativas de conduzir o processo de maneira diversas do processo de busca comum no espírito que a comunidade eclesial deve fazer".

Dentro dessa resposta, já estava embutido o cenário desenhado por alguns veículos de mídia com um grupo de cerca de 10 padres sinodais. Eles teriam denunciado a vontade de um bloco de outros religiosos de querer condicionar o Sínodo favorecendo aberturas e, em última análise, apoiando as visões do Papa.

Indiretamente, Lombardi também desmentiu nessas reconstruções sobre a eleição dos moderadores e relatores dos 13 "circuli minores" (as mini-equipes de trabalho). A denúncia apontava que, por causa da imposição desse suposto grupo de bispos, foram condicionados os temas de debate. Mas, se eles realmente foram eleitos, essa teoria cai por terra.

O clima é tranquilo, livre, mas em ritmo "muito forçado", informou o padre Menichelli, que modera o grupo "italicus B". No entanto, há quem atribua ao grupo de representantes africanos a tentativa de "bloquear" o Sínodo por causa de um presunto mau humor pelos temas mais importantes do encontro serem aqueles, majoritariamente, "ocidentais".

O ganês Palmer Buckle reagiu a essa notícia e informou que "a África não está atrasando nada, estamos propondo valores" porque também no nosso continente há desafios para as famílias. "Sobre os gays, estou de acordo com o Papa. Os gays são filhos de Deus e a sua dignidade deve ser protegida e façamos o possível. O que acho triste é que, no exterior, qualquer um diz que nós tratamos mal os gays, mas é preciso dar aos países o tempo de se coordenar com a própria cultura. Estamos caminhando. Não somos perfeitos", ressaltou Buckle.

No entanto, acompanhando à distância os trabalhos, o padre líder do movimento "Sociedade Católica", Antonio Spadaro, afirma que o Sínodo Extraordinário ocorrido em 2014, foi um "exemplo notável" do que Francisco entende por "reforma". Tudo é "um processo aberto" no qual aqueles que "acompanham os trabalhos" com uma "visão interior que não se impõe sobre a história buscando organizá-la segundo suas próprias coordenadas, mas dialoga com a realidade", diz a nota divulgada pelo grupo.

Para eles, o sucessor de Bento XVI "não vê só em preto ou branco, como querem aqueles que sempre torcem por 'batalhas'".

Com o Sínodo Extraordinário, que serviu de base para o evento que ocorre agora, houve a retomada da revisão iniciada na "Igreja inteira" após "uma dinâmica que a fez perder muitos" fiéis.

Mostrar mais

Artigos relacionados

Fechar

Adblock detectado

Por favor, considere apoiar-nos, desativando o seu bloqueador de anúncios