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Pobres são “especiais” para mim, diz Papa Francisco em visita à favela na capital do Quênia

Em seu último dia de viagem por Nairóbi, capital do Quênia, o papa Francisco foi visitar uma das áreas mais pobres da cidade, a favela de Kangemi, e criticou a exclusão social.

"Irmãos das periferias, não tenho vergonha em dizer que vocês têm um lugar especial na minha vida e nas minhas escolhas. Não fico indiferente a vocês. Como podemos não denunciar as injustiças sofridas?", destacou o Pontífice.

Kangemi fica em uma área circundada por zonas residenciais e está localizada ao fim de um pequeno vale, perto de outra região de favelas em Kalangware. A área não conta conta com rede de esgoto ou de água encanada e a população de mais de 100 mil pessoas é multiétnica, mas com grande parte das pessoas pertencentes à tribo Luhya. Atualmente, cerca de dois milhões de pessoas moram em áreas parecidas com Kangemi em Nairóbi.

Durante sua visita, Jorge Mario Bergoglio retomou sua bandeira de inclusão social e afirmou que a "marginalização urbana nasce de feridas provocadas por minorias que concentram poder, riqueza e desperdiçam de maneira egoísta enquanto uma crescente maioria precisa se refugiar em periferias abandonadas, poluídas e descartadas".

Em um apelo às autoridades, o sucessor de Bento XVI pediu que elas tomem "a estrada da inclusão social" através do ensino, esporte e cuidados com as famílias e provoque uma "respeitosa integração urbana sem indiferença ou paternalismo".

O líder católico também fez um pedido especial às pessoas ligadas às religiões. "Faço um apelo a todos os cristãos, em particular aos pastores, para renovar seu apelo missionário, tomar a iniciativa contra tantas injustiças, envolver-se nos problemas dos cidadãos, acompanhá-los em suas lutas, proteger os frutos dos trabalhos coletivos e celebrar junto a cada pequena ou grande vitória", ressaltou.

– Encontro em estádio: Após visitar a favela em Nairóbi, o papa Francisco realizou uma celebração no estádio da capital queniana e pediu aos jovens que resistam à corrupção em todas as suas formas.

"A corrupção está em todas as instituições, a corrupção está por todo lugar, a corrupção também está no Vaticano. Ela é como um açúcar, que é doce e gostoso, mas com o consumo nos torna diabéticos. Com a corrupção, a nação torna-se diabética. Não tomem gosto. Não aceitem o açúcar que se chama corrupção. A corrupção rouba a alegria e as pessoas corruptas não vivem em paz. Ela não é um caminho de vida, mas um caminho de morte", destacou.

Retomando a questão do terrorismo entre os mais jovens, Bergoglio questionou o porquê de tantas pessoas "cheias de ideais" optarem por viver "no radicalismo religioso, se afastando da família e da vida".

"É uma pergunta que devemos fazer à todas as autoridades. Se um jovem não tem trabalho ou não pode estudar, o que ele pode fazer? Pode roubar, cair na dependência, pode se suicidar ou pode se atrelar a quem mostra uma utilidade na vida, mesmo que isso possa ser uma enganação", disse o Pontífice.

Para ele, para evitar que um jovem "seja recrutado", é preciso dar educação e trabalho para dar o direito dessa pessoa sonhar com um futuro. O Papa finalizou dizendo que a tentação causada pelo radicalismo e pelo fundamentalismo está ligada a "um sistema internacional injusto que coloca no centro da economia não as pessoas, mas sim o dinheiro".

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