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Poder, futebol, processos e escândalos, fazem de Berlusconi um dos nomes mais populares da Itália

Vendedor de aspiradores de pó, crooner de transatlântico (dizem que sua canção preferida era "Ne me quitte pas") e advogado. Aos 76 anos, Silvio Berlusconi já atuou em diferentes áreas, mas ganhou dinheiro no setor da construção e fama dividindo-se entre a política, seu conglomerado de mídia e o time de futebol do Milan.

Com fortuna estimada em US$ 5,9 bilhões (o 3º político mais rico do mundo, segundo levantamento da revista Forbes deste ano), nos últimos meses o ex-premiê tem se destacado muito mais pela série de processos, acusações e julgamentos que enfrenta. Ainda assim, segue sendo um dos nomes mais importantes no cenário político da Itália, um dos oito países que, a partir do dia 15 de junho, disputam a Copa das Confederações no Brasil.

Recentemente, Berlusconi foi condenado a um ano de prisão por fraude fiscal na aquisição dos direitos televisivos para seu império audiovisual Mediaset. A Corte declarou ser inadmissível o recurso de apelação apresentado por Berlusconi em primeira instância em outubro de 2012, que o condenava a quatro anos com redução para um ano graças a uma anistia. O recurso também impedia ao Cavalieri o exercício de cargo público durante cinco anos. Seus advogados recorreram da sentença.

Em outro processo polêmico, o ex-premiê é acusado de pagar pelos serviços sexuais de uma jovem, à época com 17 anos. O caso, que ficou mundialmente conhecido como “Rubygate” – a jovem usava o ‘nome artístico’ de Ruby Rubacuori -, revelou uma série de outras particularidades sobre as festas oferecidas pelo ex-premiê em sua mansão na Villa San Martino.

Em 2011, o jornal L’Unitá divulgou fotos que teriam sido feitas no ano anterior em uma dessas festas – chamadas bunga bunga. Nelas, uma jovem é retratada usando uma ousada fantasia de policial. Em outra, garotas beijam-se e trocam carícias. Não há informações sobre registros fotográficos, mas testemunhas dizem que fantasias de enfermeira, freira, Barack Obama e do jogador Ronaldinho Gaúcho também seriam usadas pelas frequentadoras das festas.

Em 2009, Berlusconi já havia se envolvido em outro escândalo semelhante, que culminou com sua separação de Verônica Lario, após mais de 30 anos de casamento. A ex-atriz pediu o divórcio depois de saber que o marido tinha ido ao aniversário de 18 anos da jovem Noemi Letizia em Nápoles quando, segundo ela, não tinha tempo de ir às festas de aniversário dos próprios filhos.

Noemi disse em entrevistas na época que chamava Berlusconi de "papi" e que ele ia visitá-la em Nápoles, porque ela não podia ir sempre a Roma e a Milão. Berlusconi negou o relacionamento e disse que era amigo do pai da moça. A declaração não evitou o divórcio, nem a pensão de 3 milhões de euros mensais, estipulada em 2012 pela Justiça italiana.

Verônica teve três filhos com Berlusconi: Barbara, Eleonora e Luigi (ele tem outros dois do primeiro casamento com Carla Elvira Dall'Oglio). A mais velha era, até poucos dias, namorada do jogador de futebol brasileiro Alexandre Pato, que depois de mais de cinco anos no Milan – time de Berlusconi e do qual Barbara é dirigente – retornou ao futebol brasileiro em janeiro para jogar no Corinthians. Recentemente, após especulações sobre a possível venda do time a um fundo do Catar, Barbara negou veementemente que a família pretenda se desfazer do clube, dizendo que o pai lhes ensinou que o time, comprado por ele em 1986, está em seus corações. Sob a gestão de Berlusconi, o Milan acumulou três títulos mundiais, cinco europeus e sete campeonatos italianos.

No campo político, Berlusconi ingressou em 1993. Antigos amigos, ex-conselheiros e analistas afirmam com frequência que a decisão nasceu dos apuros que enfrentava com a Justiça. Os processos que já enfrentou alongo desses são dos mais variados: vão de associação com a máfia à participação em homicídio, passando por lavagem de dinheiro sujo, evasão fiscal e corrupção.

Atualmente, Berlusconi está oficialmente há mais de um ano longe do poder. Em novembro de 2011, renunciou em meio à crise econômica vivida pela Itália. Sem a maioria no Parlamento, a permanência do então primeiro-ministro no cargo tonou-se insustentável. No entanto, sua saída não foi capaz de colocar o país nos eixos. Ele tentou voltar à liderança nas eleições legislativas deste ano, mas nenhum partido conseguiu alcançar a maioria, levando a terceira maior economia da zona do euro a um impasse político que só se desenrolou quando o presidente Giorgio Napolitano, 87 anos, aceitou ser reeleito e escolheu Enrico Letta para o cargo de primeiro-ministro.

Mesmo nos bastidores, o papel de Berlusconi segue sendo determinante no cenário político italiano. Há menos de duas semanas, uma multidão foi às ruas protestar contra a decisão de Berlusconi de apoiar o governo Letta, frustrando esperanças de rivais de que ele desencadearia uma crise retirando seu apoio em meio à condenação por fraude fiscal.

"Eles acharam que eu poderia sair e colocar a sobrevivência do governo em perigo. Mas, como sempre, eles estavam errados. Pretendemos continuar a apoiar esse governo", disse em um comício na ocasião – sim, à frente do partido Povo da Liberdade (PDL), ele segue fazendo comícios e há quem diga que, se retirasse seu apoio, poderia derrubar o atual governo.

Assim como da política, Berlusconi não consegue ficar longe das belas mulheres. No fim do ano passado, o Cavalieri anunciou seu noivado com Francesca Pascale, 27 anos, ex-conselheira regional do PDL. A jovem diz que decidiu entrar na política depois de perder um concurso de beleza, para lutar por um mundo mais justo. Quarenta e nove anos mais velho que a amada, Berlusconi ainda precisa arrumar tempo para o lifting facial, implantes capilares e manter o bronzeado sempre em dia. Uma verdadeira maratona.

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