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Presidente italiano Giorgio Napolitano poderá se demitir para resolver impasse político

No final da rodada de negociações a presidencia não fez qualquer anúncio e continua assim tentando encontrar uma solução para as inconclusivas eleições de fevereiro.

A direita de Silvio Berlusconi e os contestatários dirigidos por Beppe Grillo recusam formar um governo tecnocrata.. O impasse político tem alimentado preocupações sobre a capacidade de Itália em enfrentar uma crise econômica prolongada que já deixou o país em profunda recessão por mais de um ano.

Quase toda a imprensa italiana assegura que o chefe de Estado italiano, Giorgio Napolitano, está ponderando a possibilidade da demissão, a menos de dois meses do final do mandato, para obrigar os partidos a aproximarem-se. 

Segundo os jornais, o objetivo da demissão de Napolitano seria obrigar os diferentes partidos a aproximarem posições para acordar no nome do sucessor, que teria de ser eleito nas primeiras três votações por uma maioria de dois terços dos deputados.  

Uma demissão de Napolitano permitiria que o sucessor pudesse dissolver o Parlamento e convocar novas eleições, uma possibilidade que o atual chefe do Estado não pode levar a cabo pois a lei impede-o de tomar essa decisão nos últimos seis meses de mandato, conhecidos como "semestre branco".  

A Itália está pendente hoje da decisão de Napolitano relativamente ao bloqueio político na escolha de um Governo, depois de na sexta-feira terem ficado concluídas as consultas entre o chefe de Estado e as principais forças parlamentares, sem que estas tenham mudado posturas que mantiveram desde as eleições gerais de 24 e 25 de fevereiro.

As consultas acabaram sem que comparecesse nem o próprio Presidente da República, nem o seu secretário-geral, Donato Marra, mantendo em aberto todas as possibilidades sobre os próximos movimentos.

Apenas o porta-voz de Napolitano, Pasquale Cascella, indicou na sexta-feira à noite que a sala de imprensa do Palácio do Quirinal, sede da chefia do Estado, reabriria as portas como habitualmente, com tempo de convocatória suficiente.

Este hermetismo não permite saber se Napolitano anunciará hoje a solução que acredita ser mais conveniente para o atual bloqueio político, ainda que tudo faz prever que a intenção do chefe de Estado é apresentar uma decisão não só ao país mas também à Bolsa de Milão, que reabrirá na terça-feira.

Segundo a imprensa italiana, as alternativas que Napolitano terá apresentado aos partidos é, por um lado, a sua própria demissão, ou, por outro, a conclusão de um acordo para apoiar o denominado "Governo do Presidente" ou "Governo institucional", com um primeiro-ministro escolhido pelo Presidente e diferente dos apresentados até agora pelas formações políticas.

Nas consultas realizadas na sexta-feira, os partidos mantiveram-se intransigentes, com o Movimento Cinco Estrelas a querer governar sozinho e o centro direita, liderado por Silvio Berlusconi, a defender um executivo de coligação com a formação de Mario Monti, tendo o Partido Democrata (PD), do líder de centro esquerda Pier Luigi Bersani, recusado esta opção.

A delegação do PD, que na sexta-feira reuniu com Napolitano sem a participação de Bersani, assegurou que apoiaria de forma responsável a decisão tomada pelo Presidente da República.

As eleições legislativas em Itália no final de fevereiro resultaram num impasse político, com a esquerda liderada por Luigi Bersani a chegar à maioria na Câmara dos Deputados (câmara baixa), mas não no Senado, onde a esquerda, a direita de Berlusconi e o M5S conseguiram resultados aproximados e representações semelhantes (entre um terço e um quarto do eleitorado).

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