Uma proposta para introduzir uma taxa de acesso para visitantes da via San Gregorio Armeno, famosa rua comercial em Nápoles, na tentativa de conter o turismo de massa, provocou polêmica no sul da Itália.
A iniciativa, apresentada pelo vereador Gennaro Esposito (Ação), após retomar uma ideia lançada pela Comissão de Santa Maria di Portosalvo e inspirada na cidade de Veneza, prevê a cobrança de cinco euros para o turista entrar na rua conhecida por seus tradicionais presépios artesanais com estatuetas de diversas personalidades italianas e internacionais.
O plano, porém, não foi bem visto pela associação das lojas de San Gregorio Armeno, que rejeitou a proposta e destacou que, “respeitando a antiga tradição natalina”, não pode compartilhar de uma medida “que destrua o valor autenticamente popular e democrático dos passeios”, que no período que antecede o Natal “animam a nossa rua com a presença de famílias e crianças, vindas de todo o mundo”.
Além disso, a conselheira regional Marì Muscarà interveio para apoiar os artesãos e alargar a discussão, apontando o dedo “contra uma gestão turística que, na sua opinião, é desprovida de planejamento e visão estratégica”.
Segundo ela, “Nápoles, com a sua vastidão e o seu centro histórico, não é comparável a Veneza”, que anunciou a reintrodução da taxa de acesso de até 10 euros, testada na cidade entre abril e julho deste ano, para a partir de 2025, em uma medida para tentar combater o turismo predatório e melhorar a convivência entre moradores e viajantes.
“Precisamos de ações concretas para conter e gerir o turismo, e não de medidas superficiais como uma taxa de entrada. A questão não é cobrar, mas sim organizar um turismo programado e planejado, algo que o município de Nápoles evidentemente não consegue fazer”, criticou Muscarà.
A conselheira da região no sul da Itália ainda destacou “a necessidade de distribuir os fluxos turísticos por toda a cidade, evitando a concentração excessiva no decúmano”.
“É impensável que milhões de turistas se desloquem apenas para algumas zonas, ignorando o resto de Nápoles, que tem tanto para oferecer e precisa de ser admirado e valorizado”, acrescentou.
Para Muscarà, é preciso “alargar o horizonte do turismo a lugares como Capodimonte, com a sua arte e música, o Conservatório, as Catacumbas da Saúde e muitos outros tesouros escondidos”, porque “Nápoles é muito mais que uma pizza”.
Por fim, insistiu na importância de um programa anual que faça de Nápoles uma cidade que pode ser visitada e vivida em todas as estações e oportunidades.
“O turismo deve ser transmitido com sabedoria, valorizando a arte, a cultura e a história espalhadas pela cidade. Desta forma, protege-se não só o patrimônio artístico e cultural, mas também a segurança e habitabilidade do Centro Histórico. Cobrar um bilhete de entrada em terras públicas é uma cultura que não pertence a Nápoles, pertence a todos, mas que deve ser protegida”, concluiu.