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Salvini condiciona futuro do governo a aprovação de flat tax

O ministro do Interior e vice-premier da Itália, Matteo Salvini, condicionou a manutenção do atual governo à aprovação da chamada “flat tax”, ou seja, uma alíquota única para o imposto de renda.

A medida é uma bandeira do partido ultranacionalista Liga, mas encontra resistência no antissistema Movimento 5 Estrelas (M5S), legenda que detém a maior bancada no Parlamento.

“Essa é a fronteira que dirá o quanto o governo seguirá em frente”, disse Salvini durante uma sabatina da agência Ansa em Roma. A declaração chega a poucos dias das eleições legislativas da União Europeia, quando a Liga espera se tornar o partido mais votado da Itália e, com isso, ter mais força para impor seus projetos ao M5S.

“Todo o resto vem depois. Imigração, segurança, aposentadorias, ambiente, conflito de interesses, tudo isso é importante, mas impostos e trabalhos são centrais. Se eu tenho um governo que me apoia nisso, como determina o contrato, o governo vai em frente rapidamente. Se começarem a dizer ‘ok, veremos, depende, mais para frente’… Não, este é o momento da coragem”, acrescentou.

A flat tax prevê uma alíquota única para o imposto de renda, independentemente da riqueza da pessoa: milionários e a classe média, por exemplo, pagam exatamente a mesma taxa. O “contrato de governo” entre M5S e Liga, no entanto, fala em duas alíquotas fixas para pessoas físicas e jurídicas, de 15% e 20%.

As famílias ainda teriam uma dedução fixa de 3 mil euros, de acordo com sua renda, “para garantir a progressividade do imposto, em harmonia com os princípios constitucionais”. Apesar de ter sido acordada entre os dois partidos, a medida encontra resistência no M5S, que tem a maior parte de seu eleitorado nas classes mais baixas e no sul da Itália, enquanto o rico norte é a fortaleza da Liga.

Expoentes do partido temem que a flat tax comprometa seu discurso social ao fazer com que a classe média pague as mesmas taxas que os mais ricos – o projeto prevê isenções para os mais pobres.

Hoje o M5S tem o dobro dos votos da Liga no Parlamento, mas se as eleições europeias confirmarem que o partido ultranacionalista inverteu a correlação de forças, a pressão sobre o movimento antissistema deve aumentar.

Além disso, Salvini ouve apelos cada vez mais frequentes de seus tradicionais aliados de direita para romper a coalizão e forçar eleições antecipadas, se aproveitando do potencial eleitoral da Liga neste momento.

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