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LUTO: Morre aos 86 anos, o líder radical italiano Marco Pannella

Morreu aos 86 anos, o líder radical Marco Pannella, informou a "Radio Radicale". O político havia sido transferido de sua casa para um hospital de Roma nos últimos dias após uma piora nas funções vitais em decorrência de sua longa luta contra tumores nos pulmões e no fígado.

Panella era conhecido como um dos protagonistas da luta pelos direitos civis na Itália nas últimas décadas e um dos fundadores do Partido Radical (atualmente conhecido como Radicais Italianos). Nos anos 1970, contribuiu decisivamente para a legalização do voto para os jovens de 18 anos, do aborto e do divórcio, para a descriminalização do uso de drogas leves e para o fechamento de manicômios.

"Um grande líder político, o líder radical que marcou a história deste país com batalhas às vezes controversas, mas sempre corajosas e de olhos abertos. Homenageio em meu nome e em nome do governo a história deste lutador e leão da liberdade", disse o primeiro-ministro da Itália, Matteo Renzi, durante uma coletiva de imprensa ao lado do premier holandês Mark Rutte.

Além de Renzi, os ministros italianos usaram as redes sociais para lamentar a morte do líder. O ministro das Relações Exteriores, Paolo Gentiloni, afirmou que "Panella é protagonista da história republicana e um extraordinário professor de política". Já a representante da Administração Pública, Marianna Madia, afirmou que Marco "fará falta". Muito respeitado entre as principais lideranças políticas italianas, Pannella estava recebendo demonstrações públicas de preocupação com sua saúde. Entre as personalidades que telefonaram ou se encontraram com o político ao longo do último ano estão o presidente italiano, Sergio Mattarella, e os chefes da Câmara dos Deputados e do Senado, Laura Boldrini e Pietro Grasso, respectivamente.

Conhecido por seu jeito não convencional de fazer política, Pannella chegou a ser preso para denunciar os problemas do sistema carcerário. Segundo analistas, o político queria sempre fazer vencer suas ideias, sendo considerado um defensor dos marginalizados e defensor da liberdade política. – Relação com o Papa: O político radical tinha muita afinidade com o atual líder da Igreja Católica, o papa Francisco. O religioso era considerado "amigo" por Pannella e os dois protagonizaram alguns momentos importantes nos últimos anos.

Em 2014, Pannella decidiu fazer um greve de fome para denunciar as péssimas condições dos presídios italianos. No dia 25 de abril daquele ano, o Pontífice telefonou para o político para saber de suas condições de saúde e, após a conversa, o líder radical decidiu interromper o ato de protesto. Na época, Francisco prometeu que lutaria por melhorias para os presos, algo que de fato, o líder católico vem fazendo através de discursos e de visitas a presídios do mundo todo.

Pannella admirava muito Jorge Mario Bergoglio e chegou a comentar, em 2015, após uma cirurgia, que o Pontífice "era o único" que entendia seu "diferenciado" estilo de vida, que incluía a luta contra o câncer. "Papa Francisco é o único que não brigou comigo pela maneira como trato meu corpo. Também me disse 'Seja corajoso, vá adiante assim'. O único que me disse algo do gênero. Tenho muita afinidade com ele", contou Pannella à revista "Chi" após um telefonema entre os dois.

O próprio papa Francisco, no aniversário de 86 anos do radical, celebrado em 2 de fevereiro deste ano, mandou um exemplar do seu livro "Deus é misericórdia". Outro líder religioso que era próximo de Pannella era Dalai Lama. Amigos de longa data, o tibetano enviava cartas e fazia telefonemas, sempre que possível, para se informar sobre a saúde do político. (Ansa)

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