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CRUZEIRO NA ITÁLIA: Brasileira diz que sofreu preconceito em navio por suspeita de ter sarna

Uma jovem brasileira disse que foi vítima de preconceito por suspeita de ter contraído sarna enquanto trabalhava num cruzeiro na Itália. O pesadelo foi relatado e filmado pela camareira Marcela Martinho, que também afirmou ter sofrido abandono no país estrangeiro. Ela era funcionária de uma empresa de viagens italiana, a MSC Cruzeiro.

Marcela contou que estava a bordo do navio Harmonia, em Trieste, quando a vigilância sanitária italiana identificou um surto de sarna. Segundo ela, 23 tripulantes com suspeita da doença – a maioria brasileiros – foram levados para um hospital público.

A camareira afirmou que ela e os outros funcionários foram abandonados no hospital pela empresa: “Não recebemos comida do hospital. Nós tínhamos nove meninas deitadas em colchões no chão. O chão estava sujo de sangue. Existia também lixo hospitalar. E não tínhamos toalha, não tínhamos nenhum objeto para a nova higiene pessoal”, disse Marcela.

De acordo com a jovem, foram mais de 24 horas de confinamento dentro do hospital, com apenas uma refeição. Ela afirmou que passou uma noite inteira num quarto sem camas, dividindo espaço com lixo. Depois de um dia de internação, 19 tripulantes tiveram alta. No entanto, segundo Marcela, a MSC não foi buscá-los na unidade.

Marcela afirmou que ela e outras cinco funcionárias brasileiras decidiram ir por conta própria ao Porto de Veneza, para onde o navio tinha seguido. No entanto, elas foram levadas pela empresa para passar a noite num hotel e, segundo ela, só embarcaram no dia seguinte, numa outra cidade italiana, Ancona, junto com os outros funcionários que tiveram alta.

Marcela diz que durante os sete dias a bordo sofreu preconceito dos passageiros e de outros tripulantes, apesar de alegar que não tinha doença.

“Foi bem constrangedor, porque dentro do navio o que eles falaram é que saiu uma reportagem no jornal dizendo que este tipo de doença, sarna, é comum no Brasil porque os brasileiros são sujos e promíscuos. E dizendo que esse tipo de doença é através do ato sexual, ou seja, não é verdade”, completou.

Marcela diz que ela e outras duas funcionárias foram demitidas quando se recusaram a entregar o documento original da alta médica.

Empresa diz que documento era exigência

Em nota, a MSC Cruzeiros informou que a retenção do documento de alta era uma exigência da vigilância sanitária italiana, e que as funcionárias demitidas receberam toda a assistência para voltar ao Brasil. A companhia lamentou as condições do hospital em Trieste, e argumentou que a unidade era a única disponível na cidade italiana.

A MSC informou ainda que não havia passageiros a bordo quando os problemas de pele de parte da tripulação foram detectados, e que o navio só seguiu viagem depois que as autoridades italianas checaram o estado de saúde de todos os tripulantes e esterilizaram a embarcação.

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