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Após ameaça de primeiro-ministro, Salvini e Di Maio chegam a acordo

Um dia após o ultimato do primeiro-ministro da Itália, Giuseppe Conte, seus dois vices, Luigi Di Maio (M5S) e Matteo Salvini (Liga), chegaram a um acordo para destravar um projeto que ameaçava a continuidade do governo.

Conte disse que entregaria o cargo se os dois partidos não parassem com suas brigas quase diárias sobre assuntos que vão de impostos a políticas migratórias. Um desses embates gira em torno de um projeto chamado “Sblocca Cantieri” (“Desbloqueia Canteiros”), iniciativa que tem como objetivo acelerar obras públicas por todo o país.

O decreto foi aprovado pelo governo em abril passado e prevê a flexibilização das normas para participação em concorrências, mas a legenda ultranacionalista apresentou um projeto substitutivo que suspende por dois anos todas as normas do código de licitações.

A medida irritou o antissistema Movimento 5 Estrelas (M5S), que vê a norma como um meio de favorecer a corrupção e até mesmo como uma desculpa para derrubar o governo.

“A emenda apresentada pela Liga é uma estupidez, não fica em pé juridicamente e foi rejeitada por todos, levantando a dúvida de que seja apenas um pretexto para criar caos e fazer o governo cair”, disse o ministro da Infraestrutura e dos Transportes da Itália, Danilo Toninelli (M5S).

Apesar das polêmicas, Salvini e Di Maio, após um telefonema “longo e cordial”, segundo aliados, chegaram a um consenso sobre o tema. De acordo com os líderes da Liga e do M5S no Senado, Massimiliano Romeo e Stefano Patuanelli, o pacto prevê a suspensão de apenas “alguns pontos” do código de licitações, enquanto o governo define medidas para aliviar a burocracia.

Os parlamentares, no entanto, garantiram a manutenção das regras para subcontratações e das obrigações de segurança das empresas.

“Estou satisfeito com o acordo”, disse Di Maio, acrescentando que o novo projeto não prejudicará a “legalidade”. “Pessoas de bom senso sempre encontram um acordo”, reforçou Salvini.

A crise – Aliados de ocasião, apesar de compartilharem o ideário populista, M5S e Liga vivem às turras desde o início do governo, mas os tons subiram após as eleições europeias de 26 de maio, quando a legenda ultranacionalista ultrapassou a sigla antissistema e se tornou o partido mais votado da Itália.

Com isso, Salvini pretende mudar a correlação de forças no governo e aumentar a pressão para o M5S aceitar projetos importantes para a Liga – as pesquisas mostram que, em caso de novas eleições, o partido de Salvini conseguiria governar apenas com aliados de direita, sem precisar do Movimento 5 Estrelas.

A próxima batalha deve ser a “flat tax”, alíquota única no imposto de renda e que é alvo de críticas no M5S, mas considerada indispensável pelo ministro do Interior. Em meio ao fogo cruzado, Conte, um premier que há pouco mais de um ano era desconhecido em quase todo o país, tenta exercer um papel de mediador e manter o governo em pé.

Sua última cartada foi a ameaça de renunciar, mas sua manutenção no cargo depende exclusivamente do ambiente entre M5S e Liga. “O retorno do diálogo é uma boa premissa para seguir na direção certa”, disseram fontes do governo.

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