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Itália pede empenho da União Européia contra imigrantes clandestinos

A questão da imigração ilegal "é um problema de toda a Europa", defendeu o ministro do Interior da Itália, Roberto Maroni, ao anunciar que irá cobrar um maior empenho dos países da União Européia na luta contra os imigrantes clandestinos.

Maroni explicou que irá apresenta a seus colegas europeus, durante uma reunião de ministros do Interior dos países membros do bloco na cidade de Praga, um documento assinado juntamente com Malta, Grécia e Chipre, no qual são ilustradas as propostas para combater o fluxo ilegal de imigrantes.

 

"Elaboramos propostas comuns junto ao grupo dos países que mais sofrem a pressão da imigração clandestina no Mediterrâneo oriental, e a presidência tcheca (país que exerce a presidência temporária do bloco, ndr) nos consentiu discutir isso durante a reunião", disse o ministro.

Entre as propostas principais que a Itália irá apresentar à UE estão "o incremento da agência Frontex (patrulhamento das costas, ndr)" e a introdução de "acordos bilaterais com os países de proveniência dos imigrantes clandestinos. Acordos europeus sem os quais é muito difícil para os Estados membros sozinhos procederem efetivamente com as expulsões".

"Não é um problema apenas nosso, mas de todas a Europa. Quem entra clandestinamente na Itália pode ir para outros países da Europa tranquilamente, portanto, espero um empenho forte de todos os países da União Européia", concluiu o ministro.

Maroni também voltou a defender nesta quinta-feira a emenda proposta pela Liga Norte, partido de direita aliado ao governo do primeiro-ministro Silvio Berlusconi, de impor um pagamento de 200 euros aos imigrantes que queiram renovar seu visto de permanência no país.

"Acho que assim como em outros países europeus, ela (a proposta) irá chegar a 200 euros no máximo. Não queremos alcançar os níveis excessivamente altos da Holanda, onde se paga 800 euros, e da Inglaterra, onde se paga 600, e ninguém diz nada", comentou Maroni.

Nesta última semana a Conferência Episcopal Italiana (CEI) classificou como "inaceitável" a emenda proposta pela Liga Norte. Essas medidas "parecem uma queda, um retrocesso nas políticas de integração. Desejamos que tenham uma mentalidade aberta e uma inteligência tal que coloque em curso políticas adequadas", afirmou Gian Romano Gnesotto, responsável da CEI para os imigrantes e refugiados.

"Não entendo francamente porque se essas coisas são feitas na França, na Alemanha, na Inglaterra, e ninguém diz nada, nem a Fundação Migrantes, nem a esquerda. Agora, se nós fazemos na Itália, tornam-se rapidamente normas racistas, xenófobas e contrárias ao direito europeu", comentou, por sua vez, Maroni.

No início deste mês o ministro italiano do Interior disse esperar que em 2009 não se repita a "crise dos desembarques de clandestinos em Lampedusa", pequena ilha no extremo sul do país, que em 2008 registrou recorde de chegadas de imigrantes ilegais.

Segundo dados do comissariado da ONU para Refugiados (Acnur), mais de 67 mil imigrantes ilegais chegaram à Europa por vias marítimas em 2008, dos quais 36 mil desembarcaram na Itália, em sua maioria provenientes da Líbia.

De acordo com o Ministério do Interior italiano, o desembarque de imigrantes clandestinos durante o ano passado foi quase 75% maior do que o registrado em 2007. Para reverter essa tendência, Maroni anunciou em dezembro o início do processo de repatriação direta desde Lampedusa. Além disso, em fevereiro deverá entrar em vigor um acordo, segundo o qual a Líbia se compromete a patrulhar sua própria costa.

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