Um grupo de atores, diretores e cantores enviou uma carta aos organizadores do Festival de Cinema de Veneza, para cobrar do mundo da cultura uma postura mais corajosa e condenar Israel por um “genocídio” na Faixa de Gaza.
O manifesto é assinado sobretudo por artistas italianos, como os cineastas Alice Rohrwacher, Marco Bellocchio e Matteo Garrone, os atores Alba Rohrwacher, Laura Morante, Toni Servillo e Valeria Golino e a cantora Fiorella Mannoia, mas também inclui o diretor americano Abel Ferrara.
“O fardo é muito grande para se continuar a viver como antes. Há quase dois anos, chegam a nós imagens inequívocas da Faixa de Gaza e da Cisjordânia. Assistimos, incrédulos e impotentes, a um genocídio cometido ao vivo pelo Estado de Israel na Palestina. Ninguém poderá dizer: ‘Eu não sabia, não imaginava, não acreditava'”, diz o texto enviado à Bienal de Veneza pelos artistas, sob a sigla V4P, ou “Veneza pela Palestina”.
“No entanto, enquanto se acendem os refletores sobre o Festival de Cinema de Veneza, arriscamos viver o enésimo grande evento impermeável a tal tragédia humana, civil e política. O espetáculo deve continuar, nos dizem, como se o mundo do cinema não tivesse relação com o mundo real”, acrescenta a carta.
Os artistas pedem a criação de espaços e oportunidades na mostra para promover iniciativas sobre a Palestina, a fim de que um dos maiores festivais do cinema mundial “não seja uma vitrine triste e vazia”. “Acreditamos que, ao menos uma vez, o espetáculo possa parar, interromper o fluxo de indiferença e abrir um caminho para a conscientização”, conclui o texto.
Em resposta, a Bienal de Veneza afirmou que o festival sempre foi “lugar de debate e sensível a todas as questões mais urgentes da sociedade”, porém ainda não anunciou nenhuma iniciativa específica sobre o tema.