
O clero e as freiras das igrejas Católica e Grego-Ortodoxa na Cidade de Gaza decidiram que não deixarão o município, que é alvo de uma ordem de evacuação por parte de Israel.
A notícia chega diante da iminente ofensiva terrestre israelense contra o maior centro urbano da Faixa de Gaza, que deve provocar o deslocamento forçado de cerca de 1 milhão de pessoas, cerca de metade da população do enclave.
Em nota, os patriarcados latino e grego-ortodoxo de Jerusalém explicam que suas respectivas igrejas na Cidade de Gaza têm sido “refúgios para centenas de civis” desde o início da guerra entre Israel e Hamas.
“Entre aqueles que buscaram abrigo no interior dos complexos, muitos estão fragilizados e desnutridos, e tentar fugir rumo ao sul seria nada menos que uma condenação à morte”, afirma a nota, em referência à paróquia católica da Sagrada Família, já atacada por Israel em julho passado, e à igreja grego-ortodoxa de São Porfírio.
“Por esse motivo, o clero e as freiras decidiram permanecer e continuar a cuidar de todos aqueles que estarão nos complexos”, aponta o comunicado, acrescentando que “não pode haver futuro baseado em prisão, no deslocamento dos palestinos ou na vingança”.
“Não há motivo que justifique o deslocamento em massa deliberado e forçado de civis. É hora de pôr fim a essa espiral de violência e priorizar o bem comum da população. Apelamos à comunidade internacional a fim de que atue para acabar com essa guerra insensata e destrutiva e pelo retorno das pessoas desaparecidas e dos reféns israelenses”, conclui a nota, que é assinada pelo patriarca latino de Jerusalém, cardeal Pierbattista Pizzaballa, e pelo patriarca dos grego-ortodoxos na cidade sagrada, Teófilo III.