Notícias

Itália convoca reunião urgente contra ameaça de “fast fashion”

O governo da Itália convocou uma reunião urgente com representantes do setor de moda, um dos ícones do “made in Italy” no mundo, para discutir medidas contra a invasão de produtos de “fast fashion” no país.

O encontro ocorrerá na próxima terça-feira (15) e reunirá o ministro das Empresas e do Made in Italy, Adolfo Urso, e líderes de diversas associações da área, como o presidente da Câmara Nacional da Moda Italiana, Carlo Capasa.

“A reunião servirá para definir medidas para a tutela da reputação do made in Italy e para combater a invasão de produtos de fast fashion”, afirmou o Ministério das Empresas em um comunicado.

Uma das medidas que serão discutidas é um apelo para a União Europeia acabar com a isenção de tarifas alfandegárias para pacotes de valor inferior a 150 euros (R$ 960), o que beneficia o comércio de produtos de vestuário de baixo custo provenientes da China e de outros países asiáticos.

Em 2024, o bloco recebeu uma média de 12 milhões de pacotes por dia dentro desse valor, o dobro da cifra vista em 2023.

Paralelamente, o setor têxtil italiano acumulou queda de 6,6% na produção nos primeiros oito meses de 2025, após o ano anterior já ter registrado uma contração de 10,5%, de acordo com o Instituto Nacional de Estatística (Istat).

“É urgente encontrar um equilíbrio entre proteção dos consumidores, concorrência leal e sustentabilidade, promovendo ao mesmo tempo um comércio eletrônico seguro e de alta qualidade na UE”, disse Giulio Felloni, presidente da Federação de Moda na Confederação Nacional de Comerciantes (Confcommercio).

“O setor enfrenta uma concorrência que seguramente não parece ser leal”, acrescentou. O fast fashion afeta sobretudo produtores italianos de moda de baixo custo, enquanto o segmento de alta gama tem sofrido com investigações do Ministério Público por supostas irregularidades trabalhistas e até casos de exploração em fornecedores.

Os casos mais recentes envolvem a grife de alta-costura Loro Piana e a marca de sapatos Tod’s, ambas colocadas sob administração judicial recentemente. Devido a esses escândalos, o governo da premiê Giorgia Meloni deseja criar uma agência para certificar preventivamente que toda a cadeia produtiva opera dentro da legalidade.

“A reputação das nossas marcas, construída ao longo do tempo como sinônimo de qualidade e know-how italiano, está agora sob ataque, tanto no mercado interno quanto no internacional”, disse o ministro Urso. “Precisamos combater imediatamente essa dupla ameaça, garantindo a plena legalidade da nossa cadeia produtiva e, ao mesmo tempo, conter a onda da moda fast fashion, que também está crescendo como efeito indireto das tarifas americanas sobre produtos chineses”, salientou.   

Mostrar mais

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo

Adblock detectado

Por favor, considere apoiar-nos, desativando o seu bloqueador de anúncios