
O governo da Itália não deve intervir para evitar a extradição da deputada licenciada Carla Zambelli (PL-SP), caso a Justiça italiana autorize seu retorno ao Brasil. De acordo com o colunista Jamil Chade, do portal Uol, sinais vindos da chancelaria em Roma indicam que o gabinete de Giorgia Meloni não está disposto a confrontar as cortes nacionais para ajudar a aliada de Jair Bolsonaro.
Autoridades brasileiras e italianas estimam que, se o processo mantiver o ritmo atual e os recursos forem rejeitados, a extradição poderá ocorrer entre março e abril de 2026. Zambelli deixou o Brasil após o STF determinar sua prisão, em junho, em razão de condenações por invasão de sistemas do CNJ, falsidade ideológica, porte ilegal de arma de fogo e constrangimento ilegal.
Localizada após uma operação conjunta das polícias dos dois países, apoiada por um alerta internacional da Interpol, a parlamentar aguarda decisão final da Justiça enquanto permanece detida na Itália. Até agora, tanto a Justiça italiana quanto o Ministério Público local se manifestaram a favor da extradição, e a Corte de Apelação apontou risco de fuga.
Ainda assim, duas instâncias permanecem abertas para recurso da defesa. A primeira será analisada nesta semana, em audiência marcada para o dia 27, na qual Zambelli tenta evitar o cumprimento do pedido brasileiro. Caso esse recurso seja negado, restará apenas uma última tentativa de barrar sua volta ao país.
Quando a etapa judicial estiver concluída, o processo seguirá para o Ministério da Justiça da Itália, responsável pela decisão final, de caráter essencialmente político. Fontes em Roma, porém, afirmam que, havendo chancela dos tribunais, Meloni não deve reverter o encaminhamento, apesar da simpatia de setores mais radicais de seu governo pelo bolsonarismo.
Declarações de Zambelli segundo as quais sua cidadania italiana a deixaria fora do alcance da Justiça brasileira criaram desconforto entre autoridades italianas. O governo Meloni vem endurecendo regras para a concessão de cidadania e busca evitar a imagem de porto seguro para criminosos. Além disso, o Brasil mantém fluxo sólido de cooperação judicial com a Itália, reforçado pela extradição de chefes da máfia italiana nos últimos anos.



