O diplomata italiano Filippo Grandi, de 58 anos, tomou posse como novo chefe do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur), órgão que se ocupa da maior crise migratória desde o fim da Segunda Guerra Mundial.
Em seu discurso na sede da entidade, em Genebra (Suíça), Grandi disse que o Acnur está navegando em "águas extraordinariamente difíceis". "É muito perigosa a combinação entre os múltiplos conflitos e os consequentes êxodos em massa, junto com os novos desafios para o refúgio e a lacuna entre as exigências humanitárias e os recursos à disposição, além da crescente xenofobia", declarou.
O italiano substitui o português António Guterres, que estava no cargo desde 2005. Ele iniciou sua carreira nas Nações Unidas no próprio Acnur, em 1988, e participou de missões em vários países, incluindo Sudão, Síria, Turquia, Iraque, Quênia, Afeganistão e República Democrática do Congo.
Entre 2010 e 2014, serviu como comissário da Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina (Unrwa, na sigla em inglês). Grandi é formado em filosofia pela Universidade de Veneza e guiará um órgão com 10 mil funcionários, atuante em 123 países e vencedor de dois prêmios Nobel da Paz, em 1954 e 1981.
No último ano, a Itália foi um dos focos da mais grave crise de refugiados no planeta desde a Segunda Guerra Mundial, com milhares de imigrantes chegando ao seu território por meio das "travessias da morte" no mar Mediterrâneo. Entre 1º de janeiro e 17 de dezembro de 2015, 150.317 solicitantes de refúgio desembarcaram no país, e outros 2,9 mil morreram tentando completar o trajeto.