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Embarcações ilegais que se dirigiam para a Itália, naufragaram na Costa da Líbia

Até 300 imigrantes ilegais que partiram da Líbia com destino à Itália estão desaparecidos no mar depois que pelo menos duas embarcações precárias em que viajavam naufragaram na costa do país africano.

 

Até agora, ao menos 23 corpos foram encontrados e apenas 21 pessoas foram resgatadas com vida, segundo a edição eletrônica do jornal líbio "Oea". O diário afirma que ao todo quatro embarcações naufragaram, mas 350 imigrantes a bordo de uma delas foram resgatados.

 

As causas do incidente ainda não estão claras. Autoridades informaram que quando as embarcações partiram havia ventos fortes que provocam tempestades de areia, conhecidos na região como ghibli.

 

A Líbia é um tradicional ponto de embarque para migrantes africanos que tentam chegar clandestinamente à Europa. Centenas de milhares de imigrantes ilegais de vários nações africanas vivem no país, trabalhando para untar dinheiro e pagar a atravessadores que os levam à Itália.

 

– Algumas pessoas chegaram à Itália, algumas foram interceptadas e trazidas de volta à Líbia e outras estão entre os que podem estar mortos – disse Jemini Pandya, porta-voz da Organização Internacional para Migração (IOM, na sigla em inglês). – Nós nunca teremos uma ideia real de quantas pessoas estavam nestes barcos já que nem todos os corpos serão recuperados.

 

Segundo Laurence Hart, chefe do programa da IOM em Trípoli, na Líbia, as autoridades do país classificaram os naufrágios como uma "tragédia". De acordo com declarações dos sobreviventes, cerca de 300 ilegais haviam embarcado em três barcos, na noite de sábado, em uma praia perto de Trípoli, para tentar alcançar a costa do sul da Europa.

 

No domingo, os serviços de segurança líbios receberam chamadas de socorro procedentes da costa, na altura da localidade de Sidi Belal. No local, os salva-vidas conseguiram resgatar 21 imigrantes e recuperar 23 corpos, enquanto outros 251 continuam desaparecidos, segundo o jornal "Oea".

 

– Não há equipamentos de salvamento nesses barcos – bóias, botes salva-vida, qualquer coisa – porque o propósito é amontoar quantas pessoas for possível nesses barcos, com total desrespeito à segurança e à dignidade – disse o porta-voz da IOM em Genebra, Jean-Philippe Chauzy. – Eles não estavam a uma distância da costa que pudesse ser atravessada a nado.

 

O "Oea" indica que em uma outra operação realizada na segunda-feira salva-vidas conseguiram resgatar outros 350 clandestinos que fizeram uma chamada de socorro. A embarcação, na qual viajavam pessoas sem documentos de diferentes nacionalidades, foi avariada na altura da localidade de El Bouri. Os salva-vidas transferiram 17 dos imigrantes para um hospital de Trípoli, enquanto o restante foi levado para um abrigo perto da capital.

 

Segundo o IOM, os imigrantes deviam estar a caminho de Lampedusa, ilha italiana onde chegaram 37 mil imigrantes ilegais no ano passado. Muitos deles haviam saído da Líbia. Em fevereiro deste ano, o país assinou um acordo com a Itália, que fica no outro lado do Mar Mediterrâneo, para intensificar o combate ao fluxo ilegal de migrantes para o sul da Europa.

 

O alto comissário para Refugiados da Organização das Nações Unidas (ONU), Antonio Guterres, lamentou o incidente na Líbia, que segundo ele marcou o início da "temporada da clandestinidade". Guterres descreveu os naufrágios como "o último exemplo trágico de um fenômeno global em que pessoas desesperadas adotam medidas desesperadas para escapar de conflitos, perseguições e pobreza, em busca de uma vida melhor".

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