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Absolvição de ex-procurador militar chileno na Itália causa revolta

A absolvição por parte da Justiça italiana do ex-procurador militar chileno Alfonso Podlech, processado em Roma pelo desaparecimento e morte de um cidadão ítalo-chileno durante a ditadura militar (1973-1990), causou decepção e raiva entre familiares e defensores dos direitos humanos.

O julgamento de Podlech, de 76 anos, começou no dia 13 de outubro de 2009, depois de ter sido detido no aeroporto de Madri e extraditado da Espanha para a Itália em 2008.

"Não posso acreditar que isso tenha acontecido na Itália. Acredito que houve uma intervenção muito poderosa nos tribunais italianos, com os juízes populares, que são facilmente acessíveis", reagiu visivelmente decepcionada a mulher de Omar Venturelli, Fresia Cea.

Com a voz embargada, ajudada pela filha Maria Paz Venturelli, agradeceu as testemunhas do julgamento, vários deles indígenas mapuches, que vieram da longínqua região de Araucanía, cerca de 600 km ao sul de Santiago, para testemunhar contra o ex-procurador e que agora temem represálias e vinganças.

"Sei que muitos não puderam vir por medo, entendo. Peço apenas que não se deixem dominar. Conhecemos o poder que tem em Araucanía e sua forma de atuar. Acredito que Podlech goza ainda de muitas conexões, os militares reformados são ainda muito fortes", comentou Cea.

Podlech assistiu a quase todas as audiências, mas não estava presente no momento da leitura da sentença. Ele deverá ser libertado de forma imediata da prisão romana onde ficou detido.

Horas antes, tinha feito uma declaração espontânea diante dos oito jurados do caso, dois dos quais juízes e os seis restantes designados de forma popular, no qual se declarou inocente e assegurou que nunca participou de "torturas ou interrogatórios", e que desejava passar os últimos anos de sua vida "junto ao amor de minha família".

Para seu advogado, Nicola Caricaterra, "a sentença é o resultado evidente de que não havia provas. Roubaram três anos da vida dele desde que foi detido em 2008", comentou.

A justiça da Itália absolveu nesta segunda-feira o ex-procurador militar chileno Alfonso Podlech, processado em Roma pelo desaparecimento e morte de Omar Venturelli, sacerdote de origem italiana, detido em Temuco, sul do Chile, pouco depois do golpe de Estado de 1973, e ordenou sua imediata libertação, segundo fontes judiciais.

O nome do ex-procurador chileno estava na lista de 140 pessoas, entre militares e agentes de segurança, de Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Paraguai, Peru e Uruguai, investigados pela morte e desaparecimento de 25 pessoas de origem italiana, como parte do chamado "Plano Condor", da década de 90.

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