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Apoio à greve de Hollywood marca abertura do Festival de Veneza 2023

A 80ª edição do Festival Internacional de Cinema de Veneza realizou sua cerimônia de abertura no Palácio do Cinema, na Ilha do Lido.

Liliana Cavani foi a grande homenageada, com um Leão de Ouro pela carreira, e estreou fora da competição seu longa, “L’Ordine del Tempo”.

Aos 90 anos de idade, a cineasta recebeu o prêmio das mãos de Charlotte Rampling, protagonista de seu clássico “O porteiro da noite”.

“Gostaria de dizer que sou a primeira mulher a receber este prêmio e não é justo. Há mulheres que estão trabalhando, trabalham tão bem quando homens, precisamos olhar bem, dar visibilidade, o festival precisa considerá-las. Espero que o meu seja um começo”, declarou.

A madrinha do Festival, Caterina Murino, bond girl de “Casino Royale”, apresentou um clipe com fotogramas ano a ano dos 90 anos de história do festival, interrompido pela guerra mas não pela pandemia. Na plateia estavam autoridades como o vice-premiê, Matteo Salvini; o ministro da Cultura, Gennaro Sangiuliano; o governador do Vêneto, Luca Zaia; e o prefeito de Veneza, Luigi Brugnaro.

O tapete vermelho antes da cerimônia foi marcado por protestos em camisetas, começando pelo júri, presidido pelo cineasta Damien Chazelle, com os integrantes vestidos em apoio à greve de atores e roteiristas de Hollywood.

“Hoje é o 121º dia de greve de roteiristas e o 48º dos atores. Há uma ideia básica de que cada obra de arte tem valor em si mesma, não é só um pedaço de conteúdo para colocar em um tubo. Essa ideia, de como a arte pode ser sustentável, foi desgastada. Para mim esse é o problema central. É sobre pessoas sendo remuneradas por cada peça de arte. Sobre arte acima do conteúdo”, disse Chazelle, diretor de La La Land.

Apesar da greve, são esperados alguns atores VIP como Adam Driver, Jessica Chastain, Mads Mikkelsen, Léa Seydoux, Cailee Spaeny e Jacob Elordi, todos em produções que fizeram acordos temporários com o sindicato SAG-Aftra por serem independentes.

O filme de abertura da mostra principal é “Comandante”, ambientado no início da Segunda Guerra Mundial, quando Salvatore Todaro (Pierfrancesco Favino), comandante do submersível Cappellini, salvou 26 belgas que naufragaram no oceano.

Na chegada ao evento, diretor (Edoardo De Angelis) e protagonista (Pierfrancesco Favino) responderam um rápido “não” diante de questionamentos sobre medo de leituras políticas sobre o filme.

“As reações de quem vê transcendem quem fez materialmente o filme. Só espero que quem assista Comandante entenda que existem leis eternas imutáveis, como as leis do mar, que não devem ser infringidas”, respondeu o cineasta.

“Todaro era um magnífico exemplo do que eu busco em minha profissão. Católico praticante, apaixonado por filosofia oriental, militar convento. Um homem cheio de camadas, que é o que busco e amo em um ser humano. Um capaz de desobediência”, disse Favino.

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