Notícias

Aqui se respira atmosfera muito positiva, diz bióloga italiana na COP30

A bióloga italiana Emanuela Evangelista, já condecorada por conta de seu trabalho pela preservação da Amazônia, relatou uma atmosfera “muito positiva” na primeira semana de COP30, em Belém, e elogiou a participação da sociedade civil na cúpula climática da ONU, sobretudo das comunidades indígenas.

Fundadora e presidente da ONG Amazônia ETS, que promove projetos de saúde, educação, capacitação, trabalho e desenvolvimento sustentável em uma área de mata preservada na divisa entre Amazonas e Roraima, Evangelista tem acompanhado de perto os trabalhos na capital paraense para encontrar soluções efetivas contra a crise climática no planeta.

“Considerando os desafios e as preocupações, de fato já é um sucesso que esteja acontecendo”, disse a bióloga em entrevista à ANSA. “O que a gente respira aqui em Belém é uma atmosfera muito positiva”, acrescentou.

A italiana se apaixonou pela Amazônia em 2000, durante uma pesquisa de mestrado sobre a ariranha, mamífero com risco de extinção e característico dessa região, e há mais de 10 anos vive em uma comunidade ribeirinha chamada Xixuaú, que é acessível apenas de barco.

No início da semana, Evangelista foi para Belém acompanhar a COP30, onde encontrou um “mutirão global” para alcançar um consenso em temas climáticos espinhosos, desde o fim da dependência dos combustíveis fósseis até as contribuições de cada país para reduzir as emissões de poluentes.

“Além dos delegados, tem uma outra camada de participantes, que são da sociedade civil, cada um atuando dentro do seu papel, e os povos tradicionais têm conseguido mostrar sua força”, declarou.

Ao longo da semana, comunidades indígenas realizaram uma série de manifestações em Belém — uma delas terminou em confronto com equipes de segurança —, aproveitando a oportunidade única oferecida por uma cúpula climática em plena Amazônia, a maior floresta tropical do planeta.

“Até do ponto de vista da pressão, é importante que o mundo veja que há essa multiplicidade de culturas. O mundo inteiro ficou duvidando até o fim, e estamos aqui”, salientou Evangelista.

As negociações, no entanto, enfrentam muitos obstáculos, e a italiana torce para que os países cheguem a um acordo a respeito da limitação do uso dos combustíveis fósseis, embora ela não tenha expectativa de uma “resolução definitiva” neste momento.

“Dubai [sede da COP28] foi o primeiro passinho, a primeira vez que esse problema foi colocado em preto no branco em um relatório da COP, e seria um grande sucesso sair daqui com um plano de ação sobre os combustíveis fósseis. Também seria importante olhar para os modos de vida dos povos tradicionais e escutar as soluções práticas que eles estão propondo para nós”, explicou.

A ONG Amazônia já realizou um evento no âmbito da COP30 em 10 de novembro, no pavilhão da Itália, para apresentar estratégias e boas práticas acumuladas em 25 anos de atuação na floresta, e organizará outro na próxima segunda-feira (17) para dar voz a jovens e mulheres indígenas no campo da pesquisa científica.

“O que fizemos ao longo de 35 anos foi somar forças e formar redes para proteger 600 mil hectares de floresta”, disse Evangelista, condecorada em 2020 pelo presidente Sergio Mattarella com a medalha de Oficial da Ordem do Mérito da República Italiana.

Mostrar mais

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo

Adblock detectado

Por favor, considere apoiar-nos, desativando o seu bloqueador de anúncios