
A premiê da Itália, Giorgia Meloni, disse que assinar o acordo comercial entre Mercosul e União Europeia nos próximos dias seria “prematuro” e pediu “medidas adicionais” para proteger o setor agropecuário.
Com o posicionamento de Roma, é improvável que o tratado seja submetido a voto pelos Estados-membros da UE a tempo de firmá-lo na cúpula de presidentes do Mercosul em Foz do Iguaçu, em 20 de dezembro.
“Acreditamos que assinar o acordo nos próximos dias, como foi cogitado, seria ainda prematuro. É necessário esperar que o pacote de medidas adicionais para proteção do setor agrícola seja aperfeiçoado e, ao mesmo tempo, apresentado e discutido com nossos agricultores”, declarou Meloni em audiência na Câmara dos Deputados antes da reunião de líderes da UE em Bruxelas, marcada para quinta (18) e sexta-feira (19).
Apesar disso, a premiê mostrou otimismo com a aprovação do tratado de livre comércio em 2026. “Estou muito confiante de que, com o início do ano que vem, todas essas condições serão atendidas”, salientou.
Para ser aprovado na UE, o acordo precisa do aval de pelo menos 15 dos 27 Estados-membros, representando pelo menos 65% da população do bloco. Países populosos, como França e Polônia, se opõem ao texto, porém precisavam que a Itália se juntasse ao grupo para impedir sua aprovação em 2025.
A principal demanda de Roma é que o acordo assegure reciprocidade para o setor agropecuário na UE e no Mercosul em questão de regras trabalhistas e uso de pesticidas e outros aditivos, alguns dos quais são proibidos no bloco europeu, mas usados amplamente por produtores sul-americanos.
“Nós somos favoráveis a assinar o acordo, mas é preciso ver o que se pode e o que se deve corrigir nas cláusulas de salvaguarda para alguns setores do mundo agrícola”, declarou o vice-premiê e ministro italiano das Relações Exteriores, Antonio Tajani.
“Aquilo que é imposto aos nossos produtores, que, na nossa visão, é correto, como regras sobre direitos trabalhistas, pesticidas, antibióticos, deve ser garantido nos produtos que chegam, que frequentemente têm preços mais baixos devido a custos de produção menores”, reforçou o ministro da Agricultura da Itália, Francesco Lollobrigida.



