Notícias

Guerra pode levar 800 mil migrantes à Itália

O primeiro-ministro da Líbia, Fayez al Sarraj, alertou que 800 mil migrantes estão prontos a “invadir” a Itália e a Europa por conta dos conflitos no país africano.

A Líbia, no extremo-norte da África, é palco há mais de 10 dias de uma ofensiva das milícias do general Khalifa Haftar para conquistar a capital Trípoli. “Sejam rápidos”, alertou Sarraj, em entrevista ao jornal Corriere della Sera

A fragmentação da Líbia pós-Kadafi possibilitou que traficantes de seres humanos dominassem o litoral do país para organizar as chamadas “viagens da morte” no Mediterrâneo, dando início a uma grave crise migratória na região.

A situação só começou a arrefecer no primeiro semestre de 2017, quando a Guarda Costeira líbia, treinada e equipada pela Itália, passou a realizar operações de socorro no mar. A nova guerra, no entanto, pode dar combustível à emergência migratória.

Organizações humanitárias denunciam a existência de campos de concentração de migrantes na Líbia e recorrentes violações de direitos humanos. Em função disso, ONGs seguem atuando no Mediterrâneo para evitar que os resgates sejam feitos pela Guarda Costeira de Trípoli.

Em outra entrevista a jornalistas italianos, Sarraj agradeceu pelo apoio de Roma e chamou Haftar de “traidor”, já que os dois lados estavam em negociações para a realização de eleições.

Por sua vez, o primeiro-ministro da Itália, Giuseppe Conte, cobrou a retirada imediata do Exército Nacional Líbio, conjunto de milícias chefiado por Haftar, enquanto o enviado especial das Nações Unidas (ONU) para o país africano, Ghassan Salamé, acusou o general de promover um “golpe de Estado”.

Em 11 dias de conflitos, a Organização Mundial da Saúde (OMS) contabiliza ao menos 147 mortos, 614 feridos e 18 mil desalojados.

Entenda – A Líbia se fragmentou politicamente após a queda de Muammar Kadafi, em 2011, e desde então é palco de conflitos entre milícias.

De um lado, está o governo de união nacional guiado por Sarraj e apoiado pelos grupos armados de Trípoli e Misurata, pela ONU e pela Itália; do outro, o Parlamento de Tobruk, no leste do país e fiel a Haftar, que tem apoio do Egito e dos Emirados Árabes Unidos e lidera o Exército Nacional Líbio, principal força armada da nação africana.

O general, que busca derrotar o Islã político, e o Parlamento de Tobruk não reconhecem a legitimidade do governo Sarraj – instituído por uma conferência de paz no Marrocos, em 2015 – e controlam a maior parte do país, principalmente o leste e o desértico sul.

Ex-aliado de Kadafi, Haftar ajudou o coronel a derrubar o rei Idris, em 1969, mas rompeu com o ditador em 1987, após ter sido capturado no Chade. De lá, guiou, com o apoio da CIA, um fracassado golpe contra Kadafi. Por duas décadas, viveu como exilado nos Estados Unidos e ganhou cidadania americana.

Haftar se inspira no presidente do Egito, Abdel Fattah al Sisi, que deu um golpe militar em 2013 para derrubar o islamista Mohamed Morsi e o governo da Irmandade Muçulmana, colocada na ilegalidade. Existe ainda o temor de que a escalada dos conflitos abra espaço para o grupo terrorista Estado Islâmico (EI) voltar a controlar territórios no país.

Mostrar mais

Artigos relacionados

Fechar

Adblock detectado

Por favor, considere apoiar-nos, desativando o seu bloqueador de anúncios