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POLÍTICA ITALIANA: Após renúncia, prefeito de Roma, Ignazio Marino, promete rebater ataques

Em uma mensagem em vídeo dirigida a todos os romanos, o prefeito da capital italiana, Ignazio Marino, justificou sua renúncia dizendo que tem como "única estrela polar" o interesse da cidade.

 

Na gravação de quase cinco minutos, o médico afirma que, em seus dois anos e quatro meses de mandato, realizou mudanças importantes e alterou um sistema de governo baseado na "conivência com os lobbies" e nos "poderes criminosos".

 

"Quando, há pouco mais de dois anos e meio, me candidatei a prefeito de Roma, o fiz para mudar a cidade, tirando-a da direita que a havia tomado e maltratado por cinco anos, permitindo inclusive o ingresso de atividades mafiosas", declarou Marino, que pertence ao centro-esquerdista Partido Democrático (PD), o mesmo do primeiro-ministro Matteo Renzi.

 

O prefeito estava sendo pressionado há meses para deixar o cargo, mas sua situação ficou insustentável após a revelação de que ele gastara 150 mil euros em 2014 com jantares, hospedagens, encontros e cerimônias oficiais. O chefe municipal ainda tentou reagir, prometendo pagar as despesas do próprio bolso e cancelando seu cartão de crédito corporativo, mas sem sucesso.

 

Até mesmo o PD já tinha se juntado aos que pediam sua saída do cargo. Desde o início de seu mandato, em junho de 2013, Marino havia mudado seu gabinete em três ocasiões devido a demissões e escândalos. O principal deles foi o inquérito "Mafia Capitale" ("Máfia Capital"), que investiga um grande esquema de associação mafiosa dentro da Prefeitura da "cidade eterna".

 

Embora não esteja envolvido diretamente no caso, Marino passou a ser questionado por ter nomeado assessores e secretários suspeitos de corrupção. O vice-prefeito Luigi Nieri, por exemplo, renunciou em julho passado por ter sido flagrado em grampos telefônicos conversando com o criminoso Salvatore Buzzi, acusado de usar uma cooperativa de ex-presidiários para desviar recursos públicos.

 

"Não sabia, ninguém sabia, qual era a gravidade da situação, o quão fundo tinha chegado a mistura entre política e máfia. Esse desafio foi vencido: o sistema corruptivo foi descoberto, os tentáculos foram cortados, as grandes reformas, iniciadas, o orçamento não está mais no vermelho, a cidade voltou a atrair investimentos e a investir. Os resultados começam a aparecer", acrescentou Marino.

 

O político ainda denunciou que, desde que assumiu o poder na capital, há um "trabalho barulhento" para tentar "subverter o voto democrático dos romanos". "Isso teve espectadores pouco atentos, inclusive entre os que deveriam apoiar essa experiência", disse, em um claro recado ao Partido Democrático.

 

O agora ex-prefeito também prometeu "derrotar esse ataque" e rebater as "agressões" que vem sofrendo. "Não escondo o temor de que imediatamente voltem a governar as lógicas do passado, aquelas da especulação, dos interesses privados ilícitos, do mecanismo corruptivo-mafioso que infelizmente também atingiu parte do PD e que, sem mim, teria derrubado todo o Campidoglio [sede da Prefeitura]", completou.

 

Por lei, Marino ainda tem 20 dias para revogar sua própria renúncia. Após esse período, a Câmara Municipal será dissolvida e o chefe da província de Roma, Franco Gabrielli, nomeará um comissário para administrar a cidade interinamente – função para a qual ele mesmo está sendo cogitado. A expectativa é que novas eleições sejam realizadas entre 15 de abril e 15 de junho do ano que vem.

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