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Berlusconi sugere, mas Lula descarta concorrer a novo mandato em 2014

Apesar dos apelos do primeiro-ministro da Itália, Silvio Berlusconi, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva descartou a possibilidade de voltar a concorrer ao Palácio do Planalto nas eleições de 2014. Os dois participaram do seminário empresarial Brasil-Itália na sede da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).

No final do discurso para empresários brasileiros e italianos, Berlusconi defendeu um novo mandato para Lula ao considerar que, em 2014, o colega brasileiro ainda estará jovem para exercer o cargo.

"O presidente Lula tem 62 anos e vai descansar quatro anos, obrigatoriamente. Terá 66 anos e vai poder trabalhar mais oito anos para o bem do Brasil. Vai chegar na idade de 74 anos jovem e cheio de energia como eu. Porque eu tenho 74 anos e estou bem, não acham?", brincou o primeiro-ministro italiano.

Depois do seminário, no entanto, Lula rejeitou a hipótese e fez questão elogiar sua candidata, a ex-ministra da Casa Civil Dilma Rousseff (PT). Segundo ele, caso seja eleita, a petista terá todas as condições de concorrer à reeleição daqui quatro anos.

"Quando você tem um político mau caráter, ou ele elege uma pessoa muito fraca ou ele prefere que a sua oposição ganhe para ele poder voltar depois de quatro anos. Estou elegendo uma pessoa que eu considero que tenho de melhor. Portanto, se eleita, ela tem o direito de fazer um belo governo e tem o direito de pleitear um segundo mandato. Eu me contentarei em ser cabo eleitoral pela segunda vez", garantiu o presidente.

Lula também aproveitou para explicar que não pretende ocupar um cargo em instituições internacionais depois de deixar o governo no começo de 2011, conforme foi interpretado por parte da imprensa após artigo publicado no jornal Financial Times.

"O que eu disse no artigo é que nós adquirimos nestes oito anos um acúmulo muito grande de política social. Tenho interesse em dedicar um espaço do meu tempo tanto para visitar países africanos quanto latino-americanos. Vamos trocar ideias com eles sobre a experiência do Brasil", justificou.

Para o presidente, cargos em instituições como a Organização das Nações Unidas (ONU) não devem ser ocupados por políticos, já que se trata de um empregado de vários países. "Ele tem que estar subordinado à orientação política dos países que compõem a ONU. Defendo nesses casos que tenha um bom burocrata que saiba o limite da sua atuação", acrescentou.

Questionado sobre o pedido de extradição do italiano Cesare Battisti, que está preso no Brasil, Lula repetiu que vai aguardar o parecer da Advocacia-Geral da União (AGU) para decidir a questão. Apesar disso, garantiu, ao lado de Berlusconi, que independentemente da decisão, a relação entre Brasil e Itália não ficará estremecida. De acordo com o presidente, o caso envolve uma questão jurídica e não política.

"Por enquanto, a AGU está estudando a decisão da suprema corte e tem o tempo que for necessário para me dar um parecer adequado. Quando tiver o parecer, vou votar independentemente do processo eleitoral. E também tenho a dimensão que a relação do Brasil e da Itália é tão forte que qualquer que seja a decisão sobre o Cesare Battisti não trará nenhum arranhão na relação Itália-Brasil."

No final do ano passado, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu autorizar a extradição de Battisti. Contudo, reservou a palavra final ao presidente. O italiano foi condenado no seu país pela autoria de quatro homicídios na década de 1970. Na ocasião, fazia parte da organização Proletários Armados para o Comunismo. Battisti, que sempre negou envolvimento com os crimes, cumpre prisão preventiva no Brasil desde 2007.

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