
Um dia após ter dito que não havia “precedentes” para conceder cidadania ao adolescente Ramy Shehata, 13 anos, que evitou um massacre em um ônibus escolar na semana passada, o ministro do Interior e vice-premier Matteo Salvini cedeu às pressões de seus aliados de governo e decidiu reconhecer o jovem como italiano.
Ramy, filho de imigrantes egípcios, conseguiu esconder seu celular de Ousseynou Sy, que sequestrara um ônibus com 51 estudantes para protestar contra as políticas migratórias da Itália, e avisou a polícia, evitando que o ataque ganhasse proporções trágicas.
Em função disso, teve início um movimento na Itália para conceder cidadania ao jovem, embora a lei do país só permita que filhos de imigrantes se tornem italianos ao completar 18 anos.
“Sim à cidadania para Ramy, porque é como se ele fosse meu filho e demonstrou ter entendido os valores desse país. O ministro deve respeitar as leis, mas elas podem ser superadas por atos de bravura ou coragem”, disse o ministro.
Na última segunda-feira, ele havia afirmado que não existiam elementos para conceder cidadania a Ramy e declarado que esse reconhecimento não pode ser um “presente”. “Espero encontrar Ramy o quanto antes e fazer aquilo que a lei me permite, não faço o que a lei não me permite”, declarara Salvini, líder do partido ultranacionalista Liga.
Após esse posicionamento, os ministros da Justiça, Alfonso Bonafede, e do Desenvolvimento Econômico, Luigi Di Maio, ambos do antissistema Movimento 5 Estrelas (M5S), aumentaram a pressão para conceder cidadania a Ramy.
“Estou feliz por ter convencido Salvini sobre a cidadania a esse menino. Esse é um país que vale muito mais que a simples indignação”, disse Di Maio, que também é vice-premier da Itália.
Já o pai do adolescente, Khalid Shehata, agradeceu aos dois vice-primeiros-ministros e disse que irá a Roma para encontrá-los.