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Governador italiano é investigado por suspeita de favorecer cunhado

Caso se refere a acordo de fornecimento de jalecos na Lombardia

O Ministério Público de Milão abriu uma investigação contra o governador da Lombardia, Attilio Fontana (Liga), por causa do fornecimento de meio milhão de euros em materiais sanitários por parte de uma empresa de propriedade de seu cunhado, Andrea Dini.

A Lombardia é o epicentro da pandemia do coronavírus Sars-CoV-2 na Itália e já acumula 95,8 mil casos e 16,8 mil óbitos, enquanto o país inteiro tem 245,6 mil contágios e 35,1 mil vítimas. Dini e Filippo Bongiovanni, diretor da central de aquisições do governo regional, também são investigados.

O inquérito envolve a empresa Dama, controlada pelo cunhado de Fontana e da qual a esposa do governador, Roberta Dini, detém 10% das ações, e os três investigados são suspeitos de fraude em fornecimento público.

Em 16 de abril, durante o lockdown imposto em função da pandemia, a Empresa Regional para Inovações e Aquisições (Aria, na sigla em italiano) da Lombardia fechou um acordo para a Dama fornecer 82 mil jalecos e dispositivos de proteção, em um contrato de 513 mil euros.

O programa de jornalismo investigativo “Report”, da emissora pública Rai, teve acesso a uma carta na qual a Aria dizia à empresa de Andrea Dini que o pagamento seria feito em até dois meses a partir de 16 de abril.

No entanto, em 20 de maio, após jornalistas terem começado a apurar o caso, o cunhado do governador escreveu um email a Bongiovanni informando que havia decidido transformar a venda em “doação”.

Fontana disse em sua página no Facebook que ficou sabendo que é investigado por meio da imprensa, mas ressaltou que está “seguro” quanto às ações do governo da região. “Dói conhecer esse evento, com suas repercussões humanas, a partir de fontes de imprensa”, escreveu.

De acordo com a investigação, Fontana ainda tentou fazer uma transferência de 250 mil euros de uma conta pessoal na Suíça para a Dama, em ressarcimento à empresa pela transformação da venda dos equipamentos de proteção em doação.

Contudo, o banco Unione Fiduciaria, encarregado do pagamento, bloqueou a transferência com base nas regras contra lavagem de dinheiro na Itália, alegando que não via um motivo coerente com a operação, disposta por um sujeito político “sensível”.

Segundo o advogado de Fontana, Jacopo Pensa, a transferência foi um “gesto de ressarcimento” após ele ter pedido para o cunhado transformar o fornecimento em doação. “Quando soube do fornecimento, para evitar equívocos, lhe disse [ao cunhado] para transformá-lo em doação, e o escrúpulo de ter prejudicado seu cunhado o induziu a fazer um gesto de ressarcimento”, declarou Pensa à ANSA.

A Dama doou 50 mil dos 82 mil itens previstos no contrato inicial para a Lombardia e tentou vender o restante para outros compradores.

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