
Aos 96 anos, o Cardeal albanês Ernest Simoni, antigo prisioneiro dos campos comunistas, rezou em latim uma oração de libertação durante um congresso de exorcismo nos Estados Unidos. Um apelo comovente à fé e à oração para um mundo ameaçado pelas trevas.
Durante a «Worldwide Exorcism Conference», organizada em Newark pela John Leaps Evangelization, o Cardeal Ernest Simoni rezou uma oração de libertação em latim, «de cor», para «libertar as almas dos demónios, pelas pessoas com tumores e pelas jovens mães com dificuldades em conceber».
Embora não se tenha tratado de um exorcismo formal com todos os ritos canónicos, o fervor e a força espiritual da oração do Cardeal impressionaram os participantes. Com 96 anos, o Cardeal Simoni passou cerca de 20 anos num campo de trabalho sob o regime comunista albanês, depois de ter sido preso na noite de Natal de 1963. O seu crime? Ter celebrado Missa pelo repouso da alma do presidente americano John F. Kennedy.
«Os comunistas consideravam-me uma ameaça para o Partido e tentaram incansavelmente pôr-me a falar contra ele», contou. «Subornaram alguns dos meus amigos para que me levassem a criticar o governo, mas eu conhecia as suas artimanhas.» Acusado de conspiração contra o Estado, foi condenado à morte por fuzilamento. Após três meses de tortura e isolamento por ter recusado renegar a Igreja Católica, a sua pena foi comutada para 18 anos de trabalhos forçados. Apesar do sofrimento, Simoni continuou a celebrar Missa em latim, tendo memorizado toda a liturgia: «Um amigo fazia-me chegar pão e vinho às escondidas para que pudéssemos celebrar devidamente a missa», confidenciou em 2017.
Sofreu uma nova condenação à morte em 1973, após uma revolta no campo, mas a pena foi novamente comutada. Libertado em 1981, continuou a sofrer pressões do regime: «Tentaram convencer-me a casar, recrutando até os meus pais para tal. Diziam-me que, se abandonasse o sacerdócio, nunca mais iria preso.» A sua resposta ficou para a história: «Já estou casado com a Esposa mais bela que existe; estou casado com a Igreja.»
Após a queda do regime, em 1991, o padre Simoni retomou abertamente o seu ministério, sobretudo nas zonas rurais da Albânia. Celebra regularmente exorcismos, tal como fazia antes de 1963. Em 2018, na Universidade Regina Apostolorum de Roma, afirmou: «Pratico quatro a cinco exorcismos por dia.» O seu testemunho chegou até ao topo da Igreja: depois de o conhecer em 2014, o Papa Francisco elevou-o a Cardeal em 2016, chamando-lhe «mártir vivo». Demasiado idoso para participar no Conclave de 2025 que elegeu o Papa Leão XIV, Simoni permanece contudo activo. Recentemente, participou em peregrinações do Instituto Cristo Rei Sumo Sacerdote, celebrando a Missa Tradicional, que rezava quando estava em cativeiro.
Em 2017, deixou este alerta profético: «Vemos hoje a profecia de Fátima a realizar-se. Se os homens não se voltarem para Cristo, as trevas e o erro engolirão o mundo. Se confiarmos em Deus e nos voltarmos para Ele, nada temos a temer.»
in Tribune Chretienne
(Senza Pagare)